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Novo endereço dos presos da Lava-Jato servia como manicômio

Os usuários de serviços de saúde mental, antes confinados nos manicômios, puderam acessar novas formas de atenção e cuidado. (Foto: Divulgação)

Na última quarta-feira, o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula levou ao conhecimento do juiz Sérgio Moro um efeito colateral inesperado da Lava-Jato: a superlotação da carceragem da PF em Curitiba. Em ofício, De Paula informou ao magistrado que as instalações são “limitadas” e que a manutenção de oito executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez por ali dificultava “a operacionalização das autuações em flagrante” e fragilizava a segurança do local como um todo. Ontem, Moro resolveu o problema. A partir deste sábado, os presidentes da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, assim como seis executivos dessas duas empresas poderão ser transferidos para o Complexo Médico-Penal do Paraná, que fica em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

Fundado em janeiro de 1969, durante a ditadura militar, o prédio que abrigará os empreiteiros guarda uma curiosidade só vista do céu: sua planta tem formato de metralhadora. Até 1993, o local servia como manicômio judicial do estado. Depois, foi transformado num espaço com capacidade para acolher 350 presos provisórios, condenados ou que precisam de atenção médica. Segundo o site do Departamento Penitenciário do Paraná, ele tem 104 “cubículos coletivos” e 18 de “segurança máxima”. Cada “cubículo” tem 12 metros quadrados e um buraco no chão – que serve como latrina.

Ao liberar a transferência dos empreiteiros, Moro escreveu que a carceragem da Polícia Federal em Curitiba, “apesar de suas relativas boas condições, não comporta, por seu espaço reduzido, a manutenção de número significativo de presos”. No Complexo Médico-Penal do Paraná, o conforto não será muito maior, tendo em vista que a área das celas é mais ou menos a mesma. A conquista é a chance de assistir à TV e ouvir rádio, além das visitas às sextas-feiras. (AG)

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