O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, disse na tarde desta quinta-feira (16) que está alinhado ao presidente Jair Bolsonaro e que não haverá nenhuma definição brusca sobre isolamento social em meio à pandemia do novo coronavírus, que já matou 1.924 pessoas no Brasil.
“Não vai haver qualquer definição brusca ou radical do que vai acontecer”, disse o substituto de Luiz Henrique Mandetta, demitido pouco antes de Teich ser anunciado.
Em pronunciamento feito ao lado de Bolsonaro, o novo titular da Saúde afirmou que é preciso haver informação para a tomada de qualquer decisão.
“O que é fundamental é que a gente consiga enxergar aquela informação que a gente tem até ontem, decidir qual a melhor ação, entender o momento e seguir neste caminho de definir qual a melhor forma de isolamento, distanciamento.”
“O que é fundamental é que isso seja cada vez mais, a gente vai falar isso o tempo todo, que isso cada vez mais seja baseado em informação sólida. Quanto menos informação você tem, mais aquilo é discutido na emoção. Isso não leva a nada porque isso é absolutamente ineficiente.”
“Tudo aqui vai ser tratado absolutamente de uma forma técnica e científica”, declarou Teich, que afirmou estar em consonância com o presidente. “Existe um alinhamento completo aqui entre mim e o presidente e todo o grupo do ministério. O que a gente está fazendo aqui hoje é trabalhar para que a sociedade retorne, de forma cada vez mais rápida, a uma vida normal.”
E, já na mesma toada de Bolsonaro, Teich falou de saúde e economia. “Essas coisas não competem entre si. Elas são completamente complementares. Quando você polariza uma coisa dessas, você começa a tratar como se fosse pessoas versus dinheiro, o bem versus o mal, empregos versus pessoas doentes. E não é nada disso.”
Em seu pronunciamento, Teich defendeu pesquisa para que se disponibilize remédios ou vacinas para a Covid-19.
“Você vai disponibilizar o que existe hoje em termos de vacina ou em termos de medicamento dentro, essencialmente, o ideal, dentro de coisas que funcionem como projeto de pesquisa”, disse.
“Porque isso vai permitir que você colha o maior número possível de informações no espaço mais curto de tempo. Isso vai te ajudar a entender o que faz diferença ou não para as pessoas, para os pacientes e para a sociedade”, afirmou Teich, que defendeu também um programa de testes para entender a doença.
“Quanto mais a gente entender da doença, maior vai ser a nossa capacidade de administrar o momento, planejar o futuro e sair desta política do isolamento e do distanciamento. Para conhecer a doença, a gente vai ter que fazer um programa de testes. É fundamental que a gente tenha uma avaliação do que que é esta doença hoje”, disse Teich.
Logo após ser apresentado como ministro, Nelson Teich concedeu entrevistas para SBT, Band e Record.
Ao SBT, ele disse ainda não ter definição sobre sua equipe no ministério e defendeu pesquisa para o uso de medicamentos, inclusive a cloroquina, defendida por Bolsonaro.
“A cloroquina faz parte daqueles medicamentos que podem ser eficazes contra a Covid-19. O que acontece? Quando você vive situações mais extremas da doença em que a mortalidade é alta, você pode fazer uso de medicamentos. Mas qual é o ideal? É que este uso seja sempre feito de uma forma estruturada, dentro de um planejamento, dentro de um programa de pesquisa”, afirmou.
“O que a gente vai fazer é: colhe dado, acelera isso o mais rápido possível, interage com os pesquisadores, tenta ter isso o mais rápido possível para que a gente possa enxergar claramente qual o papel de cada medicamento, de cada vacina, no controle da doença.”
Na entrevista à Band, o ministro disse que não é possível afirmar se o Brasil já chegou ao pico da pandemia.
“Isso, quem te disser que sabe, está mentindo. Porque não tem como hoje você adivinhar quando é que vai bater o pico da doença. É muito angustiante você navegar em tanta incerteza, onde você tem que assumir que realmente você tem que acompanhar para ver o que acontece.”
Na entrevista, ele voltou a defender o alinhamento com Bolsonaro.
“O alinhamento é fundamental para que as pessoas trabalhem juntas, de forma eficiente. Não só entre o Ministério da Saúde [e a Presidência], entre todos os ministérios e outros grupos e pessoas que existam hoje no governo”, afirmou Teich.
A maratona de declarações públicas e de entrevistas do novo ministro incluiu também sua participação na live semanal do presidente Bolsonaro.