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Novo programa “SUS Gaúcho”: meta até dezembro é reduzir em 70% as maiores filas por consulta especializada

Ação começará por oftalmologia e ortopedia de joelho, cuja espera soma mais de 110 mil pacientes. (Foto: Arquivo/Ministério da Saúde)

Lançado pelo governo do Rio Grande do Sul no final de setembro, o programa “SUS Gaúcho” tem entre suas prioridades a reduzir em até 70%, ainda este ano, as maiores filas de consultas especializadas eletivas no Estado. A ação começará pelos segmentos de oftalmologia geral para adultos e ortopedia de joelho – que somam mais de 110 mil pacientes na espera por atendimento.

A iniciativa integra um pacote de ações que visa qualificar e ampliar a oferta de serviços públicos de saúde à população. O programa prevê um investimento de mais de R$ 1 bilhão até o final de 2026.

“Temos prestadores habilitados pelo Programa Assistir com incentivo de oftalmologia e traumato ortopedia, e eles estão sendo chamados para aderir a esse novo tipo de serviço estratégico e focado na redução de filas”, destaca a diretora do Departamento de Atenção Especializada da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Lisiane Fagundes.

Ela explica que, com a adesão, os prestadores ampliarão a oferta de serviços, com base em um quantitativo que leva em consideração a capacidade operacional e a demanda regional de cada especialidade. A previsão da pasta é de que os atendimentos comecem a ser realizados a partir deste mês.

Dados da própria SES apontam que a fila para oftalmologia geral de adultos tenha hoje mais de 94 mil pacientes, enquanto na de ortopedia de joelho o contingente é superior a 18 mil. O governo gaúcho estima um investimento de R$ 175 milhões ainda em 2025, e outros R$ 180 milhões no ano que vem, para a redução das filas por consultas especializadas.

Estratégias

Além da ampliação da oferta por nmeio do novo programa, o Estado tem adotado estratégias de descentralização por meio de parcerias com os consórcios regionais de saúde e com o TelessaúdeRS. “O SUS Gaúcho busca também integrar a gestão operacional da SES às estruturas dos consórcios e ao Telessaúde, que são ferramentas fundamentais de apoio à gestão”, afirma a diretora do Departamento de Regulação da Secretaria, Suelen Arduin.

Ela destaca que nos 12 meses até setembro passado houve uma redução de 10,28% nas filas por consultas especializadas, resultado atribuído a iniciativas como como os programas “SER Mulher”, “TEAcolhe” e “Saúde 60+”, que impactam diretamente a organização e priorização dos atendimentos:

“Com a adoção do Gercon [Sistema de Gerenciamento de Consultas utilizado no SUS] e a fila única, conseguimos enxergar o paciente em todo o Estado, classificando por critérios clínicos e tempo de espera. Isso trouxe mais transparência e critérios objetivos para a regulação”.

Para 2026, o plano é manter e ampliar as estratégias adotadas em 2025, com a inclusão de especialidades como otorrinolaringologia, urologia, cirurgia geral e dermatologia, com impacto direto e significativo na redução das filas. Também está previsto um custeio específico para transporte sanitário, a fim de facilitar o acesso dos pacientes aos serviços.

Até o fim do ano

Além da redução de filas para consultas, outras ações do “SUS Gaúcho” estão previstas ainda para este ano, com uma saúde baseada em regionalização, contratualização estratégica e regulação transparente. As principais medidas são:

– Aumento de 40% no valor das portas de entrada hospitalares, beneficiando 196 hospitais, com foco na eficiência do atendimento de urgência e emergência;
– Atualização no custeio das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) 24h, abrangendo 38 unidades em 34 municípios, com reforço no atendimento de traumato-ortopedia;
– Novo incentivo para 26 pronto atendimentos municipais 24h, com repasses mensais entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, conforme volume de atendimentos;
– Cofinanciamento estadual para transporte sanitário eletivo intermunicipal, visando reduzir o absenteísmo em consultas, com abrangência de 488 municípios;
– Ampliação da atenção domiciliar, com incentivo para 69 equipes existentes e financiamento de 20 novas equipes;
atenção à pessoa com deficiência, com dispensação de órtese tipo colete para escoliose, garantindo atendimentos para 75 pacientes por mês;
– Reabilitação física com 18 novos serviços de referência para dispensação de cadeiras de rodas e muletas;
ambulatório de feridas, com atendimento multiprofissional para 480 usuários por mês;
– Saúde mental comunitária, com formação de 60 equipes multiprofissionais em municípios de até 15 mil habitantes com alta vulnerabilidade;aumento nos incentivos para Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) e UTIs especializadas em queimados, abrangendo 855 leitos de UTI em 28 hospitais e 15 leitos de UTI de queimados em um hospital;
– Aumento nos valores repassados a 33 hospitais públicos municipais, com base na ocupação dos leitos e taxa de resolutividade local, e aumento de 50% do recurso destinado a 12 hospitais de pequeno porte.

(Marcello Campos)

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