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O acordo do governo federal com os caminhoneiros pode ter um impacto de 18 bilhões de reais nas contas públicas

Governo vai editar MP para criar programa de subvenção ao diesel. (Foto: Agência Brasil)

O acordo feito pelo governo com os caminhoneiros para tentar acabar com a greve que provocou uma crise de desabastecimento em todo o País pode ter um impacto de R$ 18 bilhões nas já baqueadas contas públicas. Além de criar um programa de subvenção para o diesel que vai obrigar a União a repassar R$ 4,9 bilhões à Petrobras, a equipe econômica também se comprometeu a zerar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre o combustível, o que representa uma renúncia fiscal de R$ 1 bilhão em 2018.

Para piorar, a Câmara dos Deputados aprovou a toque de caixa na noite de quarta-feira o projeto que reonera a folha de pagamento das empresas incluindo no texto a redução a zero do PIS/Cofins sobre o diesel. Se a proposta passar pelo Senado nesse mesmo formato, o governo terá que abrir mão de uma arrecadação de R$ 12 bilhões.

O compromisso assumido pelo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, no início desta semana, quando o movimento dos caminhoneiros ainda não havia impactado a economia de forma generalizada, foi reduzir a zero a Cide em troca da reoneração. Isso porque a renúncia de R$ 1 bilhão seria compensada com a receita obtida com a volta da tributação sobre a folha, que daria uma receita extra de até R$ 3 bilhões este ano.

No entanto, a partir do momento em que a Câmara decidiu passar por cima do governo e incluir o PIS/Cofins na medida, a conta ficou desequilibrada. Os técnicos passaram a alertar para a necessidade de encontrar uma fonte adicional de receitas para cobrir a conta, caso contrário, haveria desrespeito à LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).

Os integrantes da área econômica apostam que o Senado deve derrubar a desoneração do PIS/Cofins aprovado pela Câmara. Assim, a maior preocupação passa a ser subvenção ao diesel. Para ressarcir a Petrobras até o final do ano, será preciso publicar duas MPs (medidas provisórias), uma com um pedido de crédito extraordinário de R$ 4,9 bilhões, e outra para criar o programa de subvenção, uma vez que isso é uma exigência da LRF.

Embora pedidos de crédito extraordinário não estejam submetidos ao teto de gastos, o governo poderá ter que fazer um corte em outra rubrica para cobrir a conta. Isso porque, além do teto, o governo tem uma meta de resultado primário para cumprir (hoje um déficit de R$ 159 bilhões).

Assim, para ficar dentro da meta, o governo terá que ajustar o Orçamento já apertado por despesas obrigatórias para poder subsidiar o benefício aos caminhoneiros. Segundo técnicos, existe hoje uma folga de R$ 5,726 bilhões no Orçamento em relação à meta do ano. Assim, uma possibilidade seria “queimar” essa reserva para passar dinheiro à estatal. Se isso não for suficiente, contudo, outros cortes terão que ser feitos.

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