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O Brasil aceita demanda da Organização Mundial da Saúde para testar mais vacinas contra o coronavírus

Vacinas contra a covid-19: o que sabemos? (Foto: Reprodução)

O governo de Jair Bolsonaro respondeu positivamente à demanda da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Brasil participar de testes clínicos de mais uma série de vacinas contra a pandemia, conforme apurou o Valor.

Trata-se de um “programa de solidariedade” elaborado pela entidade a fim de acelerar os testes e o combate global à pandemia que continua matando no Brasil e no resto do mundo.

A expectativa brasileira é de, ao aceitar fazer mais testes clínicos de vacinas em desenvolvimento, ter acesso a dados e pesquisas. E ver se isso abre porta para acesso preferencial ou facilitado do País àquelas vacinas que se provem seguras e eficazes, e que tenham sido testadas no Brasil.

Em paralelo, o governo brasileiro aderiu recentemente a um programa da OMS pelo qual se comprometeu em comprar vacinas para imunizar 10% da população brasileira. Isso tudo ao mesmo tempo em que o presidente continua alimentando manchetes contestando obrigatoriedade de vacinação contra covid-19 no País.

Pelo programa de solidariedade, a OMS faz agora a ponte entre países e produtores, com protocolo comum. Os testes podem demorar de três a seis meses.

Até agora, países como a Argentina, Chile, Colômbia, Filipinas, França, El Salvador, Espanha, Índia e México aceitaram a demanda da OMS de fazer testes clínicos com algumas das vacinas em desenvolvimento.

Há mais de 200 vacinas contra a covid-19 em desenvolvimento, e 35 estão em fase de testes clínicos.

Atualmente, quatro vacinas já estão sendo testadas no Brasil, em acordos bilaterais entre o governo e produtores: a ChAdOx1 n-CoV-19, da Universidade de Oxford/AstraZeneca; a CoronaVac, da chinesa Sinovac/Instituto Butantan; a BNT162, da Pfizer/BioNtech/Wyeth; e a VAC31518COV3001, patrocinada pela farmacêutica JanssenCilag (estudo temporariamente interrompido, segundo o Ministério da Saúde).

A Rússia também disse ter pedido autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para testar no Brasil sua vacina Sputnik V, para depois produzir localmente e exportar para outros países da América Latina.

Matéria-prima

A Anvisa autorizou nesta quarta-feira (28) a importação de matéria-prima para produção de 40 milhões de doses da CoronaVac, vacina chinesa que deverá ser produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo.

Na semana passada, a Anvisa já tinha liberado a importação de 6 milhões de doses da CoronaVac, que já virão envasadas e prontas para o uso.

A CoronaVac está atualmente na terceira fase de testes. A Sinovac, farmacêutica chinesa responsável pela vacina, ainda não obteve o registro para aplicação do imunizante no Brasil, que não pode ser utilizado na população.

Até momento, apenas dados parciais referentes à segurança da vacina foram apresentados pelo governo de São Paulo, mas eles não foram publicados em revistas científicas.

A CoronaVac é alvo de disputa política envolvendo o Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria. Na semana passada, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou a negociação para adquirir as 46 milhões de doses. Contrariado, Bolsonaro mandou cancelar a compra – e o ministério, por sua vez, divulgou novo posicionamento afirmando que não havia intenção de compra.

A liberação para importação da matéria-prima encerra outro capítulo da polêmica envolvendo os dois governos. As autoridades paulistas afirmaram que o cronograma de produção da vacina sofreria atrasos diante da demora da Anvisa na liberação da importação de matéria-prima da China.

O Butantan solicitou em 18 de setembro a autorização excepcional para importação da matéria-prima. A Anvisa negou demora e disse que seguiu o trâmite normal de avaliação do pedido.

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