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O Brasil e os Estados Unidos juntos reduzem as taxas de juros

Banco Central brasileiro. (Foto: Arquivo/Agência Brasil)

Apenas algumas horas após as taxas de juros caírem nos Estados Unidos, o BC (Banco Central) do Brasil acompanhou a tendência, reduzindo a Selic em meio ponto percentual, para 6% ao ano, o menor nível da série histórica iniciada em 1986. A medida, decidida por unanimidade pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, retoma uma trajetória de queda após um ano e quatro meses.

A queda era ansiada pelo mercado, e é um estímulo à economia nacional, que segue com dificuldades para se recuperar após a crise dos últimos anos. Em nota, o BC disse que “o cenário do Copom supõe que essa retomada ocorrerá em ritmo gradual”. E acrescenta que “o cenário externo mostra-se benigno, em decorrência das mudanças de política monetária nas principais economias”, sem ignorar, contudo, que “os riscos associados a uma desaceleração da economia global permanecem”.

Ao comentar a decisão do BC em seu perfil no Twitter, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), elogiou a redução dos juros, já que “o manual dos sistema de meta de inflação manda reduzir os juros quando a inflação estiver sistematicamente abaixo da meta estabelecida” — as previsões do próprio Copom para este ano são de 3,6% de inflação, abaixo da meta de 4,25%.

Além disso, segundo o economista, “o Brasil está entrando em uma armadilha clássica provocada pela fraqueza estrutural da demanda total, provocada pela combinação de um desemprego elevadíssimo [taxa de 12%], de um corte nos investimentos públicos e um hiato do PIB que inviabiliza os investimentos privados”.

O Fed (Federal Reserve), Banco Central dos Estados Unidos, respondeu a uma promessa lançada ao mercado e, em uma ação incomum, baixou as taxas de juros em um quarto de ponto. Deixou-as numa faixa entre 2% e 2,25%. Foi uma mudança profunda na estratégia, já que esse é o primeiro corte no preço do dinheiro desde dezembro de 2008, quando foi praticamente a zero na crise financeira. Esta reviravolta estratégica é apresentada como um ajuste preventivo para estimular a expansão econômica em um momento de incerteza por conta da guerra tarifária de Donald Trump, e com a qual o Fed espera gerar mais inflação ao mesmo tempo.

Além disso, Jerome Powell, presidente do Banco Central, antecipou a suspensão da redução nos balanço em dois meses, para julho, em vez de setembro, como estava inicialmente planejado. Isso significa que mantém intactos os ativos da dívida acumulados durante a crise e deixa de se separar deles, que atualmente estão em cerca de 3,8 trilhões de dólares. O presidente do Fed disse, ao justificar a dupla decisão, que é um “ajuste estratégico de médio prazo”.

É a quinta vez nos últimos 25 anos que o aumento da taxa nos Estados Unidos foi revertido, para passar a cortá-los. É essencialmente uma recalibração, de modo seguro. Membros do Fed telegrafaram ao mercado nas últimas semanas as razões pelas quais fazia sentido dar esse passo de volta ao processo de normalização, após sete meses de pausa. A única questão era saber a intensidade e se a porta deveria ficar aberta para mais descontos.

A declaração explica que foi decidido baixar as taxas “à luz das implicações da evolução mundial para o cenário econômico, bem como a baixa pressão inflacionária”. Ele cita, em particular, a “persistência” da incerteza e afirma que “agirá se for apropriado sustentar a expansão, com um mercado de trabalho forte e inflação”. Mas o consenso interno está quebrado. A decisão foi rejeitada por Esther George, presidente do Fed de Kansas, e Eric Rosengren, de Boston. Eles queriam manter as taxas. As informações são do jornal El País.

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