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O Brasil registrou a entrada de mais de 14 bilhões dólares em abril, o maior valor em quase sete anos

(Foto: Reprodução)

O ingresso de dólares no Brasil superou a retirada em 14,394 bilhões de dólares no mês de abril, informou o BC (Banco Central) na quarta-feira (9). Trata-se do maior ingresso líquido de recursos na economia brasileira desde julho de 2011 – quando US$ 15,825 bilhões entraram no País. As informações são do portal de notícias G1.

A entrada de dólares favoreceria, em tese, a queda da cotação da moeda norte-americana em relação ao real. Isso porque, com mais dólares no mercado, seu preço tenderia, teoricamente, a recuar.

Entretanto, não foi isso o que aconteceu. No mês passado, o dólar subiu 6,03%, para R$ 3,5026 – a maior alta mensal desde novembro de 2016.

O ingresso de dólares se dá quando investidores enviam dinheiro ao Brasil para aplicações financeiras ou investimento em empresas, por exemplo.

O dólar sai quando esses investidores retiram recursos do Brasil e, normalmente, aplicam em outros países. Essas operações ocorrem por meio de remessas feitas por bancos contratados por esses investidores.

Proteção

Segundo Sidnei Moura Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora, o que motivou a alta do dólar no mês passado não foi o fluxo de recursos (entrada ou saída de valores do país), mas sim a busca dos investidores por proteção contra uma possível subida da moeda.

Ao contratarem o chamado “hedge cambial”, que pode ser feito por meio de contratos de “swaps cambiais” ofertados pelo BC ou pela compra de dólares no mercado futuro, os investidores ficam protegidos contra uma eventual subida do dólar nos próximos meses, evitando perdas. Geralmente, esses contratos são feitos por quem possui dívidas em dólar.

“O pessoal estava muito desligado do problema do ‘hedge’ [proteção] porque o dólar estava baixo, estável, quando começou a ter o problema americano, com pressão inflacionária e alta dos juros”, disse Nehme.

De acordo com ele, com juros mais altos nos EUA, a tendência é que investidores retirem recursos de países emergentes e apliquem em títulos dos EUA, o que no mercado financeiro é chamado de “flight to quality”.

Segundo ele, essa saída de recursos do Brasil para os títulos dos Estados Unidos (T-Bonds) ainda não começou a acontecer, mas tende a ser registrada nos próximos meses. Para evitar perdas com a possível alta futura do dólar, os investidores já começaram a contratar “hedge” – pressionando a cotação do dólar no mercado futuro e contaminando o mercado à vista.

O economista não vê problemas de falta de dólares na economia brasileira, uma vez que as reservas internacionais estão acima de US$ 380 bilhões (e podem ser usadas nos chamados “leilões de linha”, ou seja, venda pelo BC com compromisso de recompra no futuro).

Entretanto, ele avalia que as eleições tendem a continuar pressionando o dólar nos próximos meses e a moda norte-americana pode chegar a R$ 3,75 em agosto, quando o cenário eleitoral estará mais acirrado.

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