Os pesquisadores alertam que o crescimento no número de casos é consequência de “uma sistemática queda dos níveis de isolamento social, mas também da ausência de campanhas de esclarecimento e falsa sensação de segurança disseminada na população”.
Análise
A nota técnica é assinada por seis pesquisadores da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia Campus Salvador (IFBA), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e da Universidade de Brasília (UnB).
Os pesquisadores Antônio Carlos Guimarães de Almeida, Antônio José Assunção Cordeiro, Fulvio Alexandre Scorza, Marcelo A. Moret, Tarcísio M. Rocha Filho e Walter Massa Ramalho analisaram os seguintes parâmetros:
– Dados de casos e óbitos por estado: Segundo os pesquisadores, “as mortes em excesso por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) indicam fortemente que o número real de mortes por covid-19 é superior aos valores anunciados, o que também é observado em diferentes proporções em outros países”.
– medidas de circulação do vírus: com base no aumento do ritmo de transmissão (Rt), os pesquisadores afirmam que podem “afirmar com alto grau de segurança que uma segunda onda de crescimento da pandemia já se iniciou em todo o país”.
– taxas de isolamento ao longo da pandemia: a nota técnica afirma que “o isolamento social vem caindo sistematicamente em todo o país desde que as primeiras medidas de distanciamento foram implementadas em março, o que explica as ainda muito altas taxas de transmissão do vírus”.
– e estimativa de percentual da população infectada: com base em um modelo matemático, o grupo afirma que Estados brasileiros oscilam – na projeção – entre 9% e 28% das pessoas infectadas. “Consequentemente, todos os Estados estão muito longe ainda de atingir uma possível imunidade de rebanho. Permitir que a pandemia se alastre até atingir a imunidade de rebanho implicaria em um número de mortes muito maior do que o já observado até hoje (entre três e quatro vezes maior), com uma forte saturação do sistema de saúde, que por sua vez aumentaria ainda mais o número de mortes”, afirmam os pesquisadores.