Ícone do site Jornal O Sul

O caso das Lojas Americanas pode ser o maior baque para os bancos desde a pandemia

Companhia deve R$ 11,6 mi aos centros comerciais. (Foto: Reprodução)

A derrocada da Americanas após a revelação de um rombo de R$ 20 bilhões no balanço terá impacto no resultado dos grandes bancos. Embora não haja uma regra para o nível de provisões que devem ser feitas, o impacto nos lucros trimestrais pode ir de 10% a 30%, segundo estimativa da XP.

Em relatório, analistas da instituição dizem que as provisões dos cinco grandes bancos de capital aberto podem chegar a R$ 8 bilhões. O montante equivale à metade da exposição informada na lista de credores. Os mais afetados desse grupo seriam BTG Pactual, Santander e Bradesco, que podem ver o lucro trimestral ser reduzido entre 20% e 30%. Itaú e Banco do Brasil teriam um baque menor, de menos de 10% do resultado.

O provisionamento pode ser feito nos balanços do quarto trimestre de 2022. A tendência em alguns bancos é já fazer o ajuste no resultado do ano passado, segundo informações do jornal Valor Econômico.

Se for mesmo dessa magnitude, e desconsiderando outros fatores, o impacto pode ser comparável no lucro que os bancos tiveram no primeiro trimestre de 2020, início da pandemia, quando tiveram de fazer um forte provisionamento. Naquele momento, o lucro combinado de Itaú, Bradesco, Santander e BB recuou 28,5%. Em 2016, ano de recessão, o resultado somado dessas mesmas instituições caiu 10,2%. Fontes do setor dizem que o caso Americanas pode se equiparar a outras grandes recuperações judiciais, como Oi e Samarco.

A exposição total dos dez maiores bancos credores da Americanas é de R$ 23,4 bilhões, segundo a lista divulgada pela empresa. Isso significa que, se os bancos fossem provisionar 50%, como é a praxe do mercado para casos de RJ, o impacto seria de quase R$ 11,7 bilhões. No entanto, algumas instituições têm exposição menor do que consta na lista. BV e BTG — ambos usaram dinheiro de contas da Americanas para pagar dívidas, em um processo conhecido como “compensação”, mas esses recursos estão em disputa na Justiça.

“No geral, esperamos um impacto maior do caso da Americanas no BTG, seguido pelo Santander e pelo Bradesco, já que esses bancos têm a maior exposição relativa à dívida da Americanas. O maior provisionamento no curto prazo não deve apenas reduzir marginalmente seus índices de capital, mas também pressionar temporariamente seus ganhos e lucratividade”, diz o relatório assinado pelo analista da XP Renan Manda. “Provisões adicionais do valor remanescente poderão ser constituídas nos trimestres seguintes caso o novo cronograma de pagamentos da empresa sofra atrasos ou caso os bancos façam rebaixamentos adicionais em sua classificação de risco [para a Americanas]”, acrescenta.

A análise da XP considera uma provisão de 50%, que deve ser o mínimo que os bancos adotarão. O rombo de R$ 20 bilhões na Americanas foi anunciado no dia 11, mas ainda não está claro quando os bancos registraram as provisões. Segundo um executivo de um banco de médio porte, a tendência no caso dele é que seja no balanço do quarto trimestre mesmo, no percentual de 50%. O representante de um grande banco afirma que, se as negociações dos credores com a Americanas avançarem, as instituições financeiras poderiam fazer uma nota explicativa sobre o caso, mas deixar as provisões para o balanço do primeiro trimestre. “Mas não acho que esse vai ser o caso.”

Na semana passada, o Citi também divulgou relatório sobre os potenciais impactos para os grandes bancos de capital aberto. Para os analistas da casa, o mais afetado seria o Bradesco, com uma necessidade de provisionar R$ 2,350 bilhões, considerando os 50%. Em seguida, viriam Santander (R$ 1,850 bilhão), Itaú (R$ 1,7 bilhão), BTG (R$ 950 milhões) e Banco do Brasil (R$ 650 milhões). As informações são do jornal Valor Econômico.

Sair da versão mobile