O Centrão perdeu o “medo” de Jair Bolsonaro (PL) e articula emparedar a família do ex-presidente para dar as cartas no processo eleitoral de 2026. Após constatar que a imagem dos Bolsonaro é a mais prejudicada com a ofensiva do presidente dos EUA, Donald Trump, contra o Brasil e ver a Polícia Federal (PF) expor a baixaria nas brigas de pai e filho, esse campo político enxergou oportunidade de tomar a frente na discussão sobre quem será o presidenciável da centro-direita.
Centristas sempre torceram para Tarcísio de Freitas (Republicanos) ser escolhido, mas “pisavam em ovos” nas negociações para não irritar Bolsonaro. Agora, porém, jogam holofotes no governador de São Paulo, como ocorreu em jantar na casa do presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, sem a presença da família Bolsonaro.
A aposta no grupo é que “se agosto foi ruim para Bolsonaro e seus filhos, setembro será pior”, diante do veredicto do STF. Bolsonaro já está em prisão domiciliar, sem poder participar de eventos políticos, e a tendência é ir para a prisão.
Lideranças da direita admitiram que negociam, à revelia da família Bolsonaro, a chapa de oposição com Tarcísio e o senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI). Mas há outros nomes no radar para vice, como a senadora Tereza Cristina (PP-MS).
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, deve usar apenas 25% do seu tempo e falar meia hora no julgamento do núcleo crucial da trama golpista. Focará 3 pontos para reforçar o pedido de condenação de Bolsonaro: o histórico do processo; inconsistências dos réus; e investigação é robusta, independentemente da delação de Mauro Cid.
A análise da Procuradoria-Geral da República sobre eventual nova denúncia contra Bolsonaro e seu filho Eduardo será rápida. Como o inquérito da PF foi aberto a pedido da PGR, o órgão conhece o caso em detalhes e acompanhou de perto as etapas da investigação. Os dois foram acusados de coação.
Parlamentares da centro-direita também voltaram a enfatizar que a única chance de Bolsonaro conseguir algum alívio na pena a ser imposta pelo STF é se Tarcísio for eleito para o Planalto. Com esse argumento, afirmam que o ex-presidente não terá escolha a não dar a bênção para o governador se candidatar.
O Centrão sabe que precisa dos votos dos bolsonaristas e não descarta a possibilidade de os filhos de Bolsonaro ainda conseguirem “envenenar” o pai contra Tarcísio, mas diante da certeza de que sobrenome Bolsonaro se tornou “tóxico”, principalmente pela atuação de Eduardo a favor de sanções ao Brasil, algo comprovado em pesquisas divulgadas na última semana, avaliam estar empoderados para tocar as articulações para 2026. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.