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O comando de dois ministérios segue sem definição: o governo deve ter dificuldades para preencher cargos em ano eleitoral

Proximidade das eleições deve trazer mais baixas. (Foto: Beto Barata/PR)

O impasse do governo Michel Temer para conseguir preencher o Ministério do Trabalho não é o único. O comando do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços está vago desde o dia 3 de janeiro, quando Marcos Pereira pediu demissão. Na segunda-feira, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que o governo não está com pressa para nomear um substituto para a pasta. Com a proximidade das campanhas, a dificuldade para encontrar novos ministros será ainda maior, já que muitos devem se licenciar para concorrer nas eleições de outubro.

Ao deixar o cargo, Marcos Pereira enviou uma carta a Temer alegando que tomou a decisão para se dedicar a “questões pessoais e partidárias”. Prometeu, entretanto, que ele e seu partido, o PRB, continuariam comprometidos com as reformas.

“Senhor presidente, agradeço imensamente a confiança e fico lisonjeado pelo convite para continuar no cargo até 31 de dezembro, porém preciso deixar ministério para poder me dedicar a questões pessoais e partidárias”, disse o ministro na carta enviada ao presidente Temer. “Eu e meu partido, PRB, apoiamos as reformas e continuaremos apoiando tudo aquilo que for bom para o País.

Não foi apenas a equipe do Ministério da Indústria que foi pega de surpresa com o pedido de demissão do ministro Marcos Pereira. O próprio presidente Temer teria se surpreendido. Em conversa que os dois tiveram no momento da demissão, Pereira teria dito que precisa cuidar do partido, porque pretende aumentar o número de senadores e deputados nas próximas eleições.

No governo, Pereira estava numa disputa interna com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ele defendia estender benefícios fiscais para o setor automotivo, mas encontrou a resistência do chefe da equipe econômica, que defende o ajuste fiscal.

Marcos Pereira é investigado na Operação Lava-Jato. O dono da JBS, Joesley Batista, disse em sua delação que pagou R$ 6 milhões de propina ao pastor e ao seu partido. O acordo teria sido intermediado por um dos vice-presidentes da Caixa Econômica Federal em troca da liberação de empréstimo no banco.

Num dos áudios entregues à Procuradoria-Geral da República, incluídos na complementação da delação premiada de Joesley, o empresário conversa com o vice-presidente corporativo da Caixa, Antonio Carlos Ferreira, que seria um intermediário do ministro.

O governo agora teme novas baixas imprevistas. O Planalto já trabalhava com a possibilidade de ter ao menos 13 baixas no ministério até o início de abril, quando se encerra o período de desincompatibilização para quem desejar disputar algum cargo nas eleições de outubro. Mas esse número pode crescer.

O ministro das Cidades, Alexandre Baldy, nomeado em novembro para o posto, estuda disputar um cargo eletivo este ano, mesmo tendo se comprometido com o presidente Michel Temer que ficaria na Esplanada até o fim do governo. A mesma promessa foi feita por Cristiane Brasil, e o governo também tem dúvidas se a deputada irá honrá-la.

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