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O Conselho Monetário Nacional, em reunião marcada para quinta-feira, deverá reduzir a meta de inflação dos atuais 4,5% para 4,25%

Banco Central tem tido uma atuação confiável. (Foto: reprodução)

Com toda a turbulência política, diante da melhoria nas expectativas conseguida com o teto constitucional de limitação do crescimento dos gastos e uma atuação confiável do BC (Banco Central), por exemplo, tem sido possível evitar-se maiores deteriorações do cenário, pelo menos até agora. Prova disso têm sido as projeções nada catastróficas do Boletim Focus, apuradas semanalmente pelo BC junto a analistas do mercado financeiro. O próprio banco, no relatório trimestral de inflação, divulgado quinta, espera deflação em junho e taxa anual abaixo da meta de 4,5%. Mesmo com a reforma da Previdência parada na Câmara dos Deputados, a trabalhista está em fase final de tramitação no Senado.

É nesta perspectiva que o CMN (Conselho Monetário Nacional) em reunião marcada para o dia 29, quinta-feira próxima, deverá reduzir a meta de inflação dos atuais 4,5% para 4,25%, a vigorar no período de 2019 a 2021. Pode parecer pouco, mas a sinalização é mais importante que o valor do corte, dentro da missão do BC de ancorar as expectativas. Com uma política monetária suficientemente apertada e sinalizações mais claras dadas por seus comunicados periódicos, é que a autoridade monetária trouxe, num período relativamente curto, uma inflação de dois dígitos (10,67%) para abaixo da meta. Houve, é certo, a ajuda do desaquecimento econômico, mas o país passou há pouco, no governo Dilma, pelo pior dos mundos da recessão e desemprego convivendo com alta de preços.

Já passou muito da hora de haver um entendimento neste país para se acabar de vez com a tolerância com a anormalidade de juros altos e inflação, idem. O mundo está saindo com dificuldades de um ciclo de deflação, em que os juros chegaram a ser negativos em alguns países e próximos de zero em muitos outros. Como nos Estados Unidos. No Brasil, eles continuaram na estratosfera, e por falhas dos brasileiros. Devido a certas mitologias e dogmas religiosos de algumas correntes de pensamento econômico, como as dominantes em Brasília a partir do segundo governo Lula, com Guido Mantega na Fazenda e Dilma Rousseff na Casa Civil. A tragédia que veio depois todos conhecem. Entre eles os mais de 14 milhões de desempregados.

A miopia de se permitir alguma inflação em nome de algum crescimento voltou a ser praticada no Brasil, no governo Dilma, quando ela, infelizmente, praticou o que defendia: interveio no BC, forçando-o a baixar os juros, e o resultado é que a inflação mudou de patamar para a fronteira do limite superior da meta (6,5%) e dali desgarrou de volta aos dois dígitos. E, como previsto, o PIB desacelerou.

Esta miopia, quase cegueira, é que impediu, no segundo governo Lula, em 2007, num momento como o atual, de inflação ancorada em expectativas benignas, que a meta fosse reduzida. Deu no que deu.

 

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