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O coronavírus afetou o dólar, que fechou a semana a 4 reais e 28 centavos, o maior valor da história

O surto mundial de coronavírus tem impulsionado o dólar. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O dólar fechou em alta nesta sexta-feira (31) e alcançou o maior valor nominal (sem considerar a inflação) da história, de olho nos desdobramentos dos riscos relacionados ao coronavírus e seu possível impacto econômico na China.

A moeda norte-americana subiu 0,65%, vendida a R$ 4,2850. Na máxima do dia, o dólar atingiu R$ 4,2863.

Na semana, o dólar acumulou alta de 2,42%. Em janeiro, subiu 6,86%. Foi a maior alta para qualquer mês desde agosto de 2019 (8,51%) e a mais intensa para meses de janeiro desde 2010 (8,86%), segundo a Reuters.

O recorde anterior foi alcançado no dia 27 de novembro do ano passado, quando o dólar fechou a R$ 4,2584.

Coronavírus

Em todo o mundo, investidores se preocuparam com as consequências do surto de coronavírus para o crescimento da segunda maior economia do mundo, o que tem impulsionado o dólar.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta quinta-feira que a epidemia de coronavírus na China agora constitui uma emergência de saúde pública de interesse internacional. O número de mortos pelo vírus já passa de 200 em mais de 20 países. A China continua sendo o mais afetado.

O receio do mercado é que o surto afete a demanda dos consumidores e tenha impactos mais diretos e abrangentes sobre a atividade econômica, uma vez que o mercado tem na memória a epidemia de SARS de 2002 a 2003, também na China.

“Os mercados emergentes, como o Brasil, sofrem mais porque são grandes exportadores de commodities, principalmente minério de ferro. Com a expectativa de revisão para baixo da demanda chinesa por esses produtos, a perspectiva é de que entre menos dólar nesses países, e por isso a procura pela moeda aumenta, e o preço sobe”, explicou Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora à Reuters.

Segundo Velloni, caso o cenário na China fique mais positivo em função de algum fato novo, como uma possível vacina para o vírus, o câmbio pode rapidamente voltar a um patamar mais baixo. “Em momentos de crise o pessoal precifica muito mais alto. E depois o mercado volta à racionalidade”, afirmou.

Bovespa

O principal índice da Bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em queda nesta sexta, com o ambiente ainda avesso a risco em razão das dúvidas relacionadas ao surto de coronavírus que começou na China, mas já se espalhou por mais de 20 países.

O Ibovespa encerrou o dia em baixa de 1,53%, a 113.760 pontos, no patamar mais baixo do ano.

Na semana, o índice acumulou declínio de cerca de 4%, levando a uma perda de 1,6% no mês. Mas até o dia 23, quando renovou recorde de fechamento, a 119.527,63 pontos, a bolsa contabilizava valorização de mais de 3%. A queda em janeiro vem após ganho de 6,8% em dezembro. Em 2019, o Ibovespa subiu 31,6%.

Destaques

O recuo de ações de grande peso no Ibovespa, como Petrobras, Vale e bancos, ajudaram a puxar o índice para baixo no pregão desta sexta.

Vale perdeu 2,4%, afetada pelas dúvidas relacionadas aos efeitos do coronavírus na economia chinesa, dada a sua sensibilidade ao mercado daquele país, com o setor de mineração e siderurgia como um todo em queda, com as preferenciais da Gerdau caindo 3,3%.

As preferenciais do Bradesco fecharam em queda de 1,7% e as do Itaú caíram 1,9%, entre as maiores pressões de baixa, com o setor de bancos como um todo mostrando forte declínio na sessão. Na próxima semana, no dia 5, o Bradesco divulga seu resultado trimestral.

Os papéis ordinários da Petrobras cederam 2,1%, na esteira do declínio dos preços do petróleo no mercado externo, tendo no radar precificação de oferta de ações ordinárias da companhia em poder do BNDES esperada para a próxima terça-feira. Os preferenciais caíram 1,7%.

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