Ícone do site Jornal O Sul

O coronavírus avança na faixa dos 15 a 29 anos e eleva o risco nas festas de fim de ano

Com a abertura das atividades e relaxamento da população, os jovens foram os primeiros a começarem a se movimentar. (Foto: Mário Oliveira/Secom/Manaus)

Seja “segunda onda” ou “repique”, uma coisa é certa: os jovens estão se infectando mais na atual retomada da pandemia de coronavírus no país. Se em maio, início da escalada de registros, doentes entre 15 a 29 anos eram 13,5% dos diagnosticados, em novembro eles chegaram a 20,5%. Já entre as pessoas de 40 anos ou mais, há tendência de queda na proporção dos infectados.

A conclusão é de um estudo inédito obtido pelo jornal O Globo elaborado pela Rede Análise Covid-19, considerando todos os testes moleculares (tipo PCR) positivos nas bases oficiais do SUS desde o início da pandemia até o último dia 23. A Rede Análise Covid-19 é uma coalizão nacional de pesquisadores voluntários para o enfrentamento da pandemia.

As conclusões do estudo são especialmente preocupantes porque os jovens são os maiores transmissores potenciais da doença: como tendem a não sentir seus efeitos de forma aguda e, assim, mantém atividades e contatos sociais. Com a chegada das festas de fim de ano, em que as famílias se reúnem, eles podem se tornar agentes transmissores do vírus para os mais vulneráveis, como pais, avós e tios, afirma Isaac Schrarstzhaupt, cientista de dados e autor do levantamento:

Provavelmente não são os jovens que vão colapsar o sistema de saúde. Preocupa mais que eles sejam vetores de transmissão do que efetivamente lotadores de UTI.”

Os dados apontam um crescimento na proporção de diagnosticados em todas as faixas dos 5 aos 39 anos. Dos 40 em diante, porém, há contínuas pequenas quedas ao longo da pandemia. Embora pareçam pequenas, algumas oscilações são significativas e importantes para mapear e combater a pandemia, aponta Isaac Schrarstzhaupt: “A base de testes do SUS já é de 2,7 milhões. Considerando este total, um aumento ou queda de 2% ou 5% é significativo para verificar tendências.”

Consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia e médico da rede pública do DF, José David Urbaez afirma que o isolamento social, embora mal feito no país, funcionou relativamente no início da Covid-19 no Brasil. Mas, com a abertura das atividades e relaxamento da população, os jovens foram os primeiros a começarem a se movimentar e foram determinantes para o aumento das infecções.

Segundo ele, a falta de uma “intervenção potente por parte do Estado” aliada à cultura de minimizar os riscos para tentar voltar à normalidade são características que dificultam o controle da doença. A recomendação do infectologista para as festas de fim de ano é manter as medidas de segurança e postergar as comemorações para 2021. “Dá um tchauzinho de fora da casa, abraça pelo computador”, diz Urbaez. “Se toda sociedade tivesse um pacto de empatia para proteger os vulneráveis, aguardaríamos o Natal de 2021 para celebrar juntos. Mas, no nosso contexto, tememos que haja um encavalamento de casos e agravamento da situação.” As informações são do jornal O Globo.

 

Sair da versão mobile