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O coronavírus e o dólar caro derrubam a busca por viagens internacionais

Cada nação tem suas regras específicas para quem esteve nos últimos dias em um país de alto risco, como o Brasil. (Foto: Reprodução)

O coronavírus e o dólar caro derrubam a busca por viagens internacionais

O setor de turismo já sente os impactos negativos da disparada do dólar no mercado de câmbio e do medo de contágio do coronavírus, especialmente na Europa. Os dois fatores derrubaram a demanda por pacotes internacionais. As agências de viagens têm atendido um número crescente de passageiros com passagens e hospedagens compradas para a Itália e outros países europeus que desejam remarcar as datas de embarque ou cancelar seus contratos. Em algumas agências, os destinos nacionais já representam 70% da demanda.

Júlio Levy, agente de viagem da PM Câmbio e Turismo, já recebeu pedidos de oito a dez clientes para cancelar de viagens marcadas, nas últimas duas semanas.

— Fomos pegos de surpresa com essa última alta do dólar. Em princípio, deve haver uma fuga para os roteiros domésticos. Muitas pessoas que já têm passagens compradas decidiram adiar suas viagens para o segundo semestre. Outras que tinham roteiros fechados já desistiram — disse Levy, acrescentando que a suspensão de eventos esportivos também colaborou para o cancelamento de embarques.

A CVC — uma das maiores operadoras do país, com cerca de quatro milhões de viajantes por ano — já percebeu que os consumidores estão substituindo viagens internacionais por destinos nacionais. A empresa calcula que 70% de seus embarques estão relacionados a roteiros dentro do Brasil.

Segundo a empresa, outra consequência da disparada do dólar é uma preferência por destinos mais próximos do Brasil, na América do Sul, principalmente a Argentina. A demanda por viagens a Buenos Aires cresceu 20% em 2019, em relação ao ano anterior. Isso fez com que a Argentina voltasse ao primeiro lugar na preferência dos brasileiros, quando o assunto é viagem internacional.

A operadora informou que, caso o cliente não se sinta confortável em viajar para um desses destinos afetados pela epidemia de coronavírus, a CVC oferece a possibilidade de alteração da viagem ou de reembolso, de acordo com as políticas de seus fornecedores.

O que diz a Abav

De acordo com a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), alguns clientes estão tentando remarcar a viagem previstas para países que concentram os casos de coronavírus. A entidade explicou que as políticas de remarcação não são das agências de viagens e, sim, dos fornecedores, como companhias aéreas, hotéis e locadoras de automóveis.

André Abreu, diretor da Eurotours, viu a demanda na agência despencar na última semana. Segundo ele, a busca por pacotes está parada à espera dos desdobramentos da crise provocada pela epidemia do coronavírus e a escalada do dólar frente ao real:

— Estamos parados, sem consultas para qualquer tipo de destino internacional. Todo mundo está de “stand by”. Os clientes que compraram pacotes para viajar em julho e agosto estão aguardando as notícias, antes de tomarem a decisão de manter ou cancelar — observou Abreu.

A Abav tem recomendado aos fornecedores que não estabeleçam multas para os casos de remarcações de viagens. A orientação da entidade é que não sejam impostas taxas nesse momento e que as empresas ofereçam opções de novas datas e novos roteiros sem custo adicional para os clientes que desejarem.

Na agência Mar-tha Rio Viagens, houve crescimento na procura de informações sobre a política de cancelamentos.

— Os passageiros estão apreensivos, pensando no que vão fazer. As companhias aéreas não estão abolindo as multas de cancelamentos. A alta do dólar levou muitas pessoas a procurar os cruzeiros pela costa brasileira, que não são balizados pela moeda americana — observou Cristiana Chao, diretora da agência de viagens.

A 4 Cantos Turismo tem preferido oferecer aos seus clientes opções de viagem com câmbio promocional. De acordo com os funcionários, há uma menor quantidade de pessoas na agência, mas muitos clientes ainda esperam a evolução do coronavírus para decidir sobre o futuro de suas viagens agendadas para o segundo semestre.

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