O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à Presidência da República, afirmou nessa terça-feira que vai continuar em silêncio sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), ocorrido no Rio de Janeiro ha uma semana. A atuação dela era marcada por pautas como a denúncia de excessos cometidos por agentes da segurança pública.
Em mais uma de suas declarações polêmicas, ele aproveitou o momento para reclamara da imprensa. O parlamentar e ex-militar disse que já foi a mais de 20 sepultamentos de policiais militares nos últimos meses e nenhum jornalista criticou os demais presidenciáveis por não terem comparecido a essas cerimônias nem feito declarações sobre os homicídios dos quais os PMs foram vítimas.
“Nenhum presidenciável foi aos enterros dos policiais militares e mesmo assim vocês não deram ‘porrada’ neles como dão em mim”, protestou. “Eu vou me manter silente [sobre o caso Marielle]”, argumentou.
Bolsonaro, no entanto, não economizou palavras para comentar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, além de condenar a falta de repasses do governo federal.
“Eu não queria estar na pele do general”, bradou o deputado, referindo-se ao interventor federal, Braga Netto. “Ele disse que precisa de R$ 3,1 bilhões para a intervenção e o presidente Michel Temer só vai liberar R$ 1 bilhão, não é isso? Então essa intervenção do governo federal é política.”
O presidenciável acrescentou que, se estivesse no Palácio do Planalto, faria a intervenção de forma diferente: “O cara [Temer] decidiu essa intervenção no meio do carnaval e nenhum chefe militar foi consultado. Teria que ser feito um planejamento de pelo menos 30 dias antes e anunciar a medida. Mas um planejamento reservado, sem estardalhaço e não no meio do carnaval, por falta de matéria na mídia, sendo anunciado desta forma. Agora, não sabemos o que pode acontecer”.
“Retaguarda jurídica”
Ainda segundo a avaliação de Bolsonaro, a intervenção era justificável pelo nível de violência no Rio de Janeiro e também em outros Estados. “Mas a violência não se combate com medidas paliativas, sem dar poder de polícia ao Exército, dentre outras coisas”, defendeu. “Eu jamais colocaria as Forças Armadas no combate à criminalidade sem dar a elas uma “retaguarda jurídica”.
Ele quis dizer, com isso, que seria necessária alguma espécie de proteção para militares que matarem civis em um processo como o de intervenção. Ele acredita que a PM também daria conta de resolver o problema da criminalidade no Rio se contasse com essa salvaguarda.
“Do jeito que está, um soldado de 21 anos vai acabar no banco dos réus, condenado a 20 anos de prisão por ter trocado tiros com marginais durante a madrugada”, criticou. “O policial e o militar precisam de liberdade para trabalhar. Em guerra, os dois lados atiram. Você está em guerra, mas na hora de dar poder ao lado de cá não pode!”
