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O diretor-geral da Polícia Federal disse que foi “mal interpretado”. Ele agendou uma reunião para se explicar a um ministro do Supremo

Relator do caso no STF, Barroso intimou Segovia a prestar esclarecimentos. (Foto: Agência Brasil)

A “novela” iniciada pelas declarações do diretor-geral da PF (Polícia Federal), Fernando Segovia, tem mais um capítulo. Depois de ser interpelado por associações de policiais e delegados federais e de ser enquadrado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso, Segovia tentou se defender.

Ele teria enviado uma mensagem de texto por telefone ao magistrado, solicitando audiência para se explicar das declarações sobre o inquérito em que o presidente Michel Temer é o investigado. Barroso, que na manhã de sábado já o havia intimado a dar explicações, marcou a reunião para a quarta-feira, dia 14 (algumas notícias dão conta que o encontro será realizado na segunda-feira da semana que vem, 19 de fevereiro).

De acordo com a imprensa de Brasília, entretanto, alguém do gabinete do ministro informou que não houve um telefonema, e sim uma troca de mensagens escritas, em que Segovia alegou ter sido “mal interpretado” na entrevista que concedeu à agência internacional de notícias Reuters – o material foi veiculado na sexta-feira e desagradou a várias frentes, incluindo o Palácio do Planalto e o próprio STF.

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Na malfadada entrevista, Segovia diz que não há provas de crime contra o presidente da República no inquérito que trata do decreto da área portuária. E que, caso o presidente acione formalmente a Polícia Federal pelo tom das perguntas formuladas pelo delegado responsável pelo caso, poderia ser aberto um procedimento administrativo disciplinar contra ele.

Barroso

Relator do processo na Corte, Luís Roberto Barroso não gostou do teor da fala e, já na manhã de sábado, intimou o diretor-geral da PF a confirmar a veracidade de suas declarações, segundo as quais há uma tendência de arquivamento da investigação sobre Temer.

Fernando Segovia se referia, na ocasião, ao inquérito que trata da suspeita de propina na edição do chamado “Decreto dos Portos”. Em um despacho, ele disse ter considerado o conteúdo da manifestação do diretor-geral “manifestamente imprópria” e que, em tese, ela poderia “caracterizar infração administrativa e até mesmo penal”.

Além disso, Barroso puxou a orelha de Segovia também ao determinar que ele se abstenha de novas manifestações a respeito do assunto.  O ministro lembrou ao diretor-geral que o inquérito está em andamento, com várias diligências a serem feitas.

Ele ainda não recebeu o relatório final do delegado responsável, Cleyber Malta, do Ministério Público e nem dele próprio, “razão mais do que suficiente para que não seja objeto de comentários públicos”. Determinou, ainda, que o Ministério Público seja informado do ocorrido para que tome as “providências que entender cabíveis”.

Nota à PF

Em nota enviada aos servidores da Polícia Federal, Fernando Segovia negou que tenha previsto o arquivamento de um inquérito que investiga Temer . O comunicado aos colegas afirma que as investigações contam com “autonomia e isenção” e que Segovia “confia nas equipes da PF”.

“Afirmo que, em momento algum, disse à imprensa que o inquérito será arquivado. Reafirmo minha confiança nas equipes que cumprem com independência as mais diversas missões. É meu compromisso na gestão da PF resguardar os princípios republicanos”, frisou.

“Asseguro a todos os colegas e à sociedade que estou vigilante com a qualidade das investigações que a Polícia Federal realiza, sempre em respeito ao legado de atuações imparciais que caracterizam a PF ao longo de sua história”, concluiu. O diretor-geral afirma ainda que, na entrevista, disse que o inquérito é conduzido pela equipe “com toda autonomia e isenção”.

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