O proprietário do hotel Sanfelice, em Balneário Camboriú (SC), foi indiciado pela morte da menina Rachel Novaes Soares, 7 anos, que morava em Guarujá (SP). Ela estava viajando para comemorar o seu aniversário quando se afogou, após ter o cabelo sugado pelo ralo de uma piscina infantil com 60 centímetros de profundidade. O acidente ocorreu no dia 16 de julho.
Para o delegado Vicente Soares, que cuida da investigação do caso, o empresário foi considerado negligente por não instalar o dispositivo para interromper a sucção da piscina no caso de incidentes como este. Ele afirma que a acusação se baseia em uma lei municipal que obriga os estabelecimentos com piscina a terem o dispositivo.
O inquérito foi concluído pela Polícia Civil e encaminhado ao Poder Judiciário. O Ministério Público tem até 15 dias para decidir se aceita a denúncia. O dono do estabelecimento poderá ser acusado de homicídio culposo, ficando sujeito a cumprir pena de um a três anos de detenção.
De acordo com a avó materna da criança, Silvia Leite Rodrigues, dentre os hóspedes havia um bombeiro que estava com a família e tentou ajudar. “Ele fazia massagem cardíaca e minha filha a respiração boca a boca. Foi uma gritaria. Chamaram o Samu, a polícia e e os bombeiros, mas minha neta já tinha morrido afogada”, relatou ela na época do acidente.
Silvia afirma que houve omissão de socorro e falta de fiscalização. “Eles deviam ter alguma coisa que impedisse o ralo de puxar o cabelo da minha neta. A pressão era tão forte que ao retirarem a menina da piscina o ralo veio junto com o cabelo. Agora, o hotel quer colocar a culpa na minha filha. Ela está traumatizada. Isso é imperdoável”.
A idosa insiste, ainda, que o caso não pode ficar impune: “A gente vê essas coisas na TV, mas não pensa que vai acontecer conosco. Hoje, nós estamos chorando, mas poderia ser outra família. Estamos arrasados. A Rachel era um doce de menina. Não fazia distinção da pessoas, amava os animais, era muito alegre e comunicativa. Precisamos de oração para que Deus nos dê força, porque é muito difícil”.
Sílvia relembra que a neta estava feliz com a viagem. “Ela veio aqui na quinta-feira falando que era o dia mais feliz da vida dela, que iria conhecer o parque. Foi a última vez que a vi com vida”. A menina, que completaria 8 anos no dia 29 de agosto, estava em férias escolar e ganhou de presente de aniversário da mãe a ida a um parque. Ambas passaram o sábado no parque e na manhã de domingo foram à praia de Laranjeiras.
Elas chegaram ao hotel e se trocaram para ir embora, mas Rachel pediu pra ir na piscina brincar com as outras crianças. A mãe foi buscar uma toalha e, ao retornar, notou uma gritaria em volta do local e pensou que fosse alguma briga, mas notou que Rachel estava com o cabelo preso no ralo, já em processo de afogamento.
“A mãe dela pulou de roupa e bota dentro da piscina. Tentava tirar ela de lá, mas o ralo fazia uma pressão muito grande. Ela saiu correndo e chutava a porta da cozinha do hotel tentando achar uma faca para cortar o cabelo da minha neta. Ninguém ajudou. Não tinha um monitor ou qualquer responsável”, relatou a avó, emocionada.
Defesa
De acordo com Luiz Eduardo Righetto, advogado da empresa, o hotel estava com o alvará da prefeitura e do Corpo de Bombeiros em dia e, até o momento do acidente, não havia nenhuma exigência sobre a instalação da bomba de sucção. “Aguardamos a manifestação ministerial pelo arquivamento, já que o hotel cumpria rigorosamente as determinações impostas.
Ele diz que não pode ser responsabilizado pelo que aconteceu. “O caso não passa de uma fatalidade. O hotel se solidariza com os familiares da vítima, lamenta o ocorrido, mas não houve negligência. Nós prestamos socorro, demos apoio no traslado do corpo para o local de origem e uma passagem de avião para a mãe. Todos os nossos laudos estão em dia”, defende-se.
