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O empresário Joesley Batista reafirmou à Justiça que pagou propina para o presidente Michel Temer

Denúncia contra Temer foi barrada na Câmara dos Deputados pela base aliada do governo. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em novo depoimento à Justiça Federal, o empresário Joesley Batista, um dos sócios do grupo J&F, reafirmou que pagou propina ao presidente Michel Temer. Em seu depoimento, realizado por videoconferência à 15ª Vara Federal de Brasília, Joesley afirmou que a mala com R$ 500 mil encontrada com o ex-assessor do emedebista Rodrigo Rocha Loures por ocasião de sua prisão pela PF (Polícia Federal), era apenas uma espécie de sinal de um acordo de R$ 400 milhões que seriam pagos por meio de suborno ao longo de 20 anos.

A acusação foi alvo de uma denúncia feita pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot contra Michel Temer. A denúncia, porém, foi barrada na Câmara dos Deputados pela base aliada do governo. Em seu depoimento ao procurador Ivan Cláudio Marx, Joesley ressaltou que o pagamento da propina estava atrelado à compra de gás da EPE (Empresa Produtora de Energia), que integra o grupo J&F, de fornecedores da Bolívia sem entraves burocráticos criados pela Petrobras. O valor da propina foi estipulado em 5% do lucro da EPE. O pagamento teria sido acertado com Rocha Loures após um acerto prévio com o próprio Michel Temer.

“Eu falei para o Rodrigo (Rocha Loures): R$ 500 mil ou R$ 1 milhão por semana. Então fizemos o contrato. Eu falei : oh funcionou!”, afirmou Joesley. Segundo ele, o acerto da propina teria acontecido durante uma conversa com Temer no subsolo do Palácio do Jaburu, em Brasília. O empresário também confirmou ter feito pagamentos para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) e do ex-operador Lúcio Bolonha Funaro.

“Eu disse que tava dando dinheiro pro Lúcio, dava dinheiro para o Eduardo. Aí o Temer me surpreende ao dizer que tem que continuar. Aquela famosa frase dele, tem que manter isso. Numa hora dessas o presidente manda que eu tenho que tenho que continuar. Me assustei muito quando ele falou que era para manter isso”, relatou Joesley.

Rodrimar

Celso Grecco, dono da Rodrimar, investigada por suspeita de favorecimento em decreto dos portos em troca de propina, revelou nova prova contra Michel Temer. Ele mostrou à Justiça brasileira um e-mail que confirma que Temer beneficiou, sim, o consórcio da empresa. A informação é da coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo.

Segundo o colunista, “Grecco mostra no texto quais pontos da legislação são vantajosos para o consórcio e, consequentemente, para a Rodrimar. Temer autorizara renovações sucessivas de contratos do setor portuário ao longo de até 70 anos. O contrato do consórcio é anterior a 1993, portanto é favorecido pela mudança feita sob Temer”.

Em decisão do ministro do STF Luís Roberto Barroso, relator do inquérito que investiga o presidente da República, Grecco é suspeito de ser o “principal articulador” entre os interesses de empresas do setor portuário e o grupo político de Temer.

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