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O envolvimento do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro na Operação Lava-Jato preocupa os dirigentes das confederações

Nuzman é suspeito de intermediar a compra de votos de integrantes do COI. (Foto: Reprodução)

O sempre movimentado grupo de Whatsapp dos presidentes de confederações ligadas ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) passou parte desta terça (5) em silêncio. O motivo foi a operação PF (Polícia Federal) que intimou Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB há 22 anos, a dar depoimento. Os líderes de confederação temem que a implicação do cartola possa gerar desdobramentos, sobretudo financeiros, ao comitê e suas entidades.

Nuzman não vai poder tentar um novo mandato após 2020, devido a determinações da Lei Pelé, o COB não tem patrocinadores e as confederações tiveram redução em repasses após a Rio-2016. Segundo um presidente ouvido pela reportagem, que pediu para não ser identificado, “acordar com essa notícia foi um choque, um baque”. Ele, porém, defendeu que se lhe dê voto de confiança. Outro afirmou que “todo mundo foi nocauteado pela operação” da Polícia Federal. E contou uma história curiosa.

Há cerca de duas semanas, o COB promoveu uma reunião em sua sede, no Rio de Janeiro. Diretores, entre eles Nuzman, anunciaram que pretendiam implementar um sistema – chamado de GET (governança, ética e transparência) – nas confederações. Agora, com a operação que envolveu o principal cartola do comitê, não haveria qualquer credibilidade para empurrar um sistema para as filiadas.

Em meio à situação, a maioria dos dirigentes evita fazer manifestações por temor de futura represália. Boa parte das confederações – como as de tiro esportivo, hóquei sobre grama e pentatlo moderno – não tem patrocinadores e subsistem somente dos repasses vindos da Lei Piva. A legislação manda que o COB distribua entre os órgãos um percentual do que é arrecadado em loterias federais. Procurado, o Ministério do Esporte não se pronunciou sobre a investigação a respeito das atividades de Carlos Nuzman.

Apreensão

Nuzman teve bens apreendidos durante as buscas da Polícia Federal em sua casa na terça (5), no Rio de Janeiro. Entre os valores estão dois carros e a quantia em espécie de R$ 480 mil dividida em vários tipos de moedas. O dinheiro foi encontrado em gavetas na casa de Nuzman na Zona Sul do Rio de Janeiro. A quantia estava diferentes em: euros,
francos suíços, libras, dólares e reais. O maior montante estava em euros.

“Devido a criminalidade, não é muito usual a pessoa ter valores assim em casa. Caberá a ele dizer de onde vem esses valores”. disse o delegado Anderson Beaubrun.

Além disso, dois carros foram bloqueados após o pedido do MP que leva em consideração o pedido de indenização de R$ 1 bilhão de reais dos envolvidos na compra de votos para que o Rio de Janeiro fosse sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Nuzman teve a chance de se explicar sobre a quantia em seu depoimento à Polícia Federal, mas ficou em silêncio.

A operação, batizada de Unfair Play, é um desdobramento da Lava-Jato e investiga compra de votos e pagamento de propinas na escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016.

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