O secretário de Estado da Geórgia o republicano Brad Raffensperger, determinou que todos os 159 condados conduzam uma recontagem manual e auditem todos os votos registrados nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, uma medida extraordinária em um pleito marcado pelo comparecimento sem precedentes às urnas.
Até a noite dessa quarta-feira (11), o democrata Joe Biden liderava a disputa contra Donald Trump por pouco mais de 14 mil votos, apenas uma pequena parcela dos 5 milhões de eleitores que votaram na Geórgia.
Se for declarado vencedor no Estado, esta será a primeira vitória de um democrata na região desde 1992. Biden já tem votos suficientes no Colégio Eleitoral para se tornar o próximo presidente dos EUA, mesmo sem a Geórgia, segundo projeções da imprensa americana.
Raffensperger, que apoiou Trump nas eleições, está sendo duramente criticado por eleitores do presidente que alegam, sem apresentar provas, que houve fraude para beneficiar o democrata. Na última segunda-feira (9), os dois candidatos republicanos ao Senado, David Perdue e Kelly Loeffler, contestaram os resultados das eleições e pediram que o secretário renunciasse.
O apoio de simpatizantes de Trump será essencial para que Perdue e Loeffler vençam as disputas contra seus adversários democratas, que só serão decididas em segundo turno na Geórgia. O pleito está marcado para ocorrer no próximo dia 5 de janeiro e pode definir que partido controlará o Senado.
“Vamos contar cada pedaço de papel”, disse Raffensperger nessa quarta ao anunciar a decisão.
Até essa quarta, 97 dos 159 condados do Estado já haviam certificado os resultados da eleição, uma tarefa que deve ser concluída pelos demais até o fim desta semana. Segundo a legislação, Raffensperger precisa fazer o mesmo em nível estadual até o dia 20 de novembro.
Não está claro quando os conselhos eleitorais regionais serão capazes de concluir a recontagem manual dos votos. Raffensperger disse que o processo garantirá uma verificação mais precisa do que se a revisão fosse feita com auxílio de computadores.
“Isso ajudará a aumentar a confiança”, disse ele. “Será uma auditoria, uma recontagem. Será um trabalho pesado, mas trabalharemos com os condados para fazer isso a tempo de uma certificação estadual”, acrescentou.
De acordo com a lei da Geórgia, os candidatos podem pedir uma recontagem dos votos se a diferença entre eles for inferior a 0,5%. Após os resultados serem certificados, ainda é possível solicitar essa recontagem, segundo Raffensperger.
Esta revisão manual das cédulas será possível porque neste ano, pela primeira vez em décadas, a Geórgia comprou novas máquinas de votação e passou a utilizá-las após pressão de grupos que defendem o direito ao voto.
As máquinas usadas anteriormente não forneciam registros em papel. Portanto, não era possível realizar uma recontagem manual dos votos no Estado.