Após a prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) pela força-tarefa da Operação Lava-Jato, políticos de vários partidos se manifestaram sobre o caso. O ex-ministro da Cultura de Temer e atual deputado federal, Marcelo Calero (PPS-RJ), disse que “a Justiça foi feita”, com a prisão do ex-presidente.
“A resposta que a Justiça dá é que não há espaço para esses favorecimentos de amigos. A política é para se pensar o Brasil. Isso é uma resposta que a sociedade já havia dado, que não aceita esse comportamento”, disse Calero, que deixou o governo Temer em novembro de 2016.
À época ele denunciou que o ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) tentava usar seu cargo para liberar a construção de um prédio em Salvador. Geddel está preso pela Lava-Jato desde setembro de 2017. Em um apartamento que seria utilizado pelo emedebista, a Polícia Federal apreendeu R$ 51 milhões em dinheiro vivo.
“Pessoalmente eu sinto que estou de coração leve. Finalmente a Justiça foi feita”, analisou. Além de Temer, seu ex-ministro Moreira Franco (MDB) também foi preso. Já o ex-ministro da Casa Civil Eliseu Padilha (MDB) foi alvo de mandados de busca.
Mediação do conflito
O ex-ministro dos Direitos Humanos Gustavo do Vale Rocha afirmou na sexta-feira passada (15) que atuou para tentar mediar em 2016 um “conflito” entre os ex-ministros Marcelo Calero (Cultura) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).
Gustavo Rocha prestou depoimento à Justiça Federal na condição de testemunha em uma ação em que Geddel é réu por improbidade administrativa
Em 2016, durante o governo do então presidente Michel Temer, Geddel e Calero se envolveram em uma crise que resultou no pedido de demissão dos dois.
Atual secretário de Justiça do Distrito Federal, Gustavo Rocha era subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil quando a crise estourou.
Geddel compareceu à sessão mas, na condição de réu, teve a prerrogativa de ser o último a prestar depoimento. Sentados à mesma mesa, Geddel disse a Gustavo do Vale que estava “sofrendo muito” – ele está preso desde 2017. “Acabou a minha vida”, sussurrou, antes do início da gravação oficial da audiência.
Depoimento
No depoimento, Gustavo Rocha disse que, como subchefe de Assuntos Jurídicos do governo, acompanhou uma reunião entre Geddel, Calero e Eliseu Padilha (à época ministro da Casa Civil) sobre o tema. Rocha disse, então, que não sabia, na ocasião, que Geddel tinha interesse próprio no empreendimento.
Ao explicar o que tratou na conversa, disse ter informado a Geddel, Calero e Padilha que o Ministério da Cultura poderia apresentar um “recurso hierárquico” para contestar a decisão do Iphan. Em resposta, afirmou Gustavo Rocha, Calero disse que “não decidiria, não colocaria a mão naquilo”.
Rocha disse ter respondido então que, se o então ministro da Cultura não decidisse, poderia encaminhar o caso à AGU (Advocacia-Geral da União).
Segundo Gustavo Rocha, como havia “conflito entre pessoas” no caso, não entre ministérios, no entendimento dele a solução não cabia à área de Assuntos Jurídicos, mas, sim, à AGU.
Sobre a participação de Temer no caso, Rocha disse que despachava de quatro a cinco vezes por dia com o presidente, e que Temer chegou a perguntar de “modo amplo” como o caso estava sendo tratado, mas não deu orientação.
