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O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub ganhará 400% de aumento de salário ao assumir diretoria do Banco Mundial

Juiz classificou pedido de 'patrulhamento ideológico'. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Ao deixar o Ministério da Educação para assumir a direção do Banco Mundial, Abraham Weintraub terá um aumento de salário de quase 400% por mês. Se antes recebia o valor de R$ 30.934, pago a um ministro, o professor universitário passará a arrecadar mensalmente US$ 21.547 (quase R$ 116 mil) para atual na instituição financeira.

Os vencimentos anuais do ex-ministro chegarão a US$ 258.570, cerca de R$ 1,3 milhão. Seu salário será livre de impostos – por ser funcionário internacional, ele não é cobrado pela Receita Americana –, situação diferente de quando chefiava a pasta da Educação.

Diplomatas e integrantes de órgãos multilaterais apontam que a nomeação de Weintraub para o Banco Mundial é um grande risco. Ele assumirá o cargo de diretor-executivo do Grupo de Acionistas que o Brasil representa no Banco Mundial, que contém Colômbia, Filipinas, Equador, República Dominicana, Haiti, Panamá, Suriname e Trinidad e Tobago.

Desta forma, sua função dependerá de boas relações com os representantes do grupo para que o Brasil possa obter novos investimentos.

Weintraub deixou o Ministério da Educação depois de uma série de polêmicas envolvendo o MEC e de declarações dadas em redes sociais. No último domingo (14), ele havia participado de ato de apoio ao governo em Brasília, mas não usou máscaras e foi multado em R$ 2 mil pelo governo do Distrito Federal.

Além disso, é alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das fake news por ter falado em prisão de ministros da Corte e os xingado de “vagabundos”. Weintraub também é investigado por suposta prática de racismo ao ironizar a China.

Carta

Uma carta assinada por 15 associações e mais de 130 personalidades de diversas áreas pede a embaixadores de oito países no Brasil que se posicionem contra a indicação de Abraham Weintraub, ministro demissionário da Educação, a um dos cargos de diretor do Banco Mundial.

A instituição confirmou que o governo brasileiro indicou Weintraub ao posto no dia seguinte ao anúncio da saída do ministro. Porém, o nome dele deverá ser referendado pelos representantes de oito países que integram o grupo do qual o Brasil faz parte.

Na carta enviada aos embaixadores desses países, os autores dizem que Weintraub pode causar “danos potencialmente irreparáveis” às “posições dos países dentro do Banco Mundial”.

O texto ainda menciona a agressividade do ministro a cidadãos comuns, jornalistas, parlamentares e juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirma que ele “é a antítese de tudo o que o Banco Mundial procura representar à política de desenvolvimento e ao multilateralismo”.

Os autores elencaram os seguintes motivos para que os países rejeitem a nomeação de Weintraub:

– Uso da ideologia no lugar de políticas com base em provas;

– Habilidade fraca de negociação;

– Falta de compreensão e capacidade de lidar, por meio de políticas públicas, com injustiças econômicas e sociais;

– Desrespeito aos valores do multilateralismo, como tolerância e respeito mútuo;

– Conduta incompatível com padrões de ética e integridade profissional.

A carta também cita uma postagem feita em abril numa rede social com insinuações sobre a China, chamada pelos autores de “carregada de preconceito”.

A recente revogação de uma portaria sobre políticas de inclusão na pós-graduação que incluem acesso de negros, indígenas e pessoas com deficiência também foi mencionada.

“Estamos convencidos de que o senhor Abraham Weintraub não possui as qualificações éticas, profissionais e morais mínimas para ocupar o assento da 15ª editoria executiva do Banco Mundial”, encerra o texto.

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