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O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha citará Rodrigo Maia em sua delação premiada

As informações não teriam, no entanto, potencial de ser a "bala de prata" para inviabilizar uma eventual candidatura de Maia à Presidência da República. (Foto: Ag. Câmara)

O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) citará o sucessor, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na delação premiada que tenta fechar com o Ministério Público Federal, conforme adiantou a jornalista Mônica Bergamo em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo.

De acordo com pessoa familiarizada com as negociações, Cunha poderá falar da atuação parlamentar de Maia em benefício de setores empresariais e de recursos não contabilizados que ele teria recebido para campanhas eleitorais.

As informações não teriam, no entanto, potencial de ser a “bala de prata” para inviabilizar uma eventual candidatura de Maia à Presidência da República. O atual presidente da Câmara admitiu a colegas que já esperava ser citado por Cunha, mas “por vingança” do ex-parlamentar, já que Maia presidiu a sessão em que ele foi cassado.

O peemedebista não poderia ter nenhuma grande revelação a fazer já que os dois nunca foram do mesmo grupo político e até militavam em campos adversários no Rio de Janeiro. Conforme a coluna revelou, Cunha já rascunhou mais de cem anexos de sua delação, que ainda está em negociação.

PMDB

O ex-presidente da Câmara promete detalhar, por exemplo, os bastidores da liberação de recursos para uma concessionária Via Rondon, uma das empresas da família Constantino, fundadora da companhia aérea Gol. De acordo com Cunha, a empresa bancou campanhas de políticos do PMDB em troca da decisão, que permitiu o financiamento. Tudo isso, segundo ele, com aval de Temer.

A delação de Cunha ganha retoques finais e deve afetar a Presidência em seu momento mais conturbado. Isso porque a PGR denunciou Temer por corrupção passiva, com base na delação do empresário Joesley Batista. Segundo o dono da JBS, o presidente tem sido conivente com a compra do silêncio de Cunha. A denúncia tramita na Comissão de Constituição e Justiça  da Câmara, que deve votar a continuidade do processo na próxima semana.

As recentes prisões de aliados também agravam a crise na gestão de Temer. Entre elas, a do ex-assessor especial do Palácio do Planalto e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), por corrupção. O “homem da mala” foi flagrado com R$ 500 mil em espécie. Hoje, responde em liberdade, graças à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal  Edson Fachin na semana passada.

Cunha deve citar também integrantes do chamado “núcleo duro” do governo Temer: o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha; o chefe da Secretaria da Governo, Moreira Franco; e o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Colaboração

Além de Cunha, outro figurão preso pela Lava Jato promete abalar o cenário político. Lúcio Bolonha Funaro, apontado como operador financeiro do PMDB, também finaliza acordo de delação com os investigadores da força-tarefa. Ele estava preso na Papuda e, no início da semana, foi transferido para a Superintendência da Polícia Federal a pedido do Ministério Público. Segundo pessoas próximas, está pronto para entregar provas de pagamentos relacionados a Cunha.

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