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O general Santos Cruz não pediu para sair, foi decisão de Bolsonaro

Santos Cruz foi demitido devido ao maior controle que vinha exercendo sobre áreas vitais do governo. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Santos Cruz não pediu para sair, foi decisão de Bolsonaro.

Santos Cruz foi demitido devido ao maior controle que vinha exercendo sobre áreas vitais do governo e que eram criticadas em outras administrações, como os contratos da Secretaria de Comunicação e a gestão da EBC.

Santos Cruz vinha tentando exercer controle sobre a Secom, comandada por Fabio Wajngarten, próximo a Carlos Bolsonaro e que reza na cartilha do núcleo mais radical do governo, que tem no escritor Olavo de Carvalho seu guru.
“Havia um problema de relacionamento com o novo Secom [Wajngarten], que não quis se subordinar às diretrizes e normas estabelecidas pelo general para ter maior controle sobre as atividades e ações”, explicou um assessor do Planalto, sob a condição de anonimato.

Carta

Em carta à imprensa divulgada no fim do dia (leia a íntegra ao final desta reportagem), Santos Cruz confirmou a demissão, dizendo que deixava o governo “por decisão do Excelentíssimo Presidente Jair Messias Bolsonaro”.

Mais tarde, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros também divulgou nota, na qual afirma que o presidente Jair Bolsonaro “deixa claro que essa ação não afeta a amizade, a admiração e o respeito mútuo, e agradece o trabalho executado pelo General Santos Cruz à frente da Secretaria de Governo”.

Segundo fontes do Palácio do Planalto, a demissão de Santos Cruz não abala o grupo militar que integra a equipe ministerial.

General da reserva, Santos Cruz foi alvo no mês passado de ataques do ideólogo Olavo de Carvalho, avalizados pelo filho do presidente, Carlos Bolsonaro.

No dia 5 de maio, um domingo, Bolsonaro chamou Santos Cruz à residência oficial do Palácio do Alvorada. Os dois tiveram uma péssima conversa. Bolsonaro queria explicações sobre supostas mensagens de Santos Cruz em um grupo de aplicativo de troca de mensagens com críticas ao próprio presidente. O ministro argumentou que não era o autor das mensagens.

Na segunda-feira (10), Santos Cruz pediu para falar com Bolsonaro, mas o presidente não quis recebê-lo. Foi preciso que o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) intercedesse. Bolsonaro acabou recebendo Santos Cruz na própria segunda-feira.

Para um auxiliar, o presidente afirmou: “Estou com uma kriptonita no colo”. Desde então, as relações entre ele e o ministro nunca mais foram boas.

O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, que endossou as críticas de Olavo de Carvalho a Santos Cruz, foi pivô da crise que resultou na demissão de outro ministro: Gustavo Bebianno, da Secretaria Geral da Presidência.

Santos Cruz é o terceiro ministro demitido no governo Bolsonaro em menos de seis meses. Antes dele, foram exonerados Bebianno, em fevereiro, e Ricardo Vélez Rodríguez (Educação), em abril.

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