O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse nesta terça-feira (14) que não cumpriria nenhuma ordem que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pudesse dar para reabrir seu Estado de maneira insegura durante o surto de coronavírus.
“Se ele me ordenasse a reabrir de uma maneira que ameaçasse a saúde pública do povo do meu Estado, não o faria”, disse Cuomo em uma entrevista à CNN.
Na segunda-feira (13), Trump disse acreditar que tem “autoridade total” sobre os Estados no tocante à reação do país ao coronavírus, uma postura que não tem amparo na Constituição e foi rejeitada imediatamente por especialistas jurídicos e alguns governadores.
Cuomo disse que tal ordem criaria uma contenda constitucional entre os Estados e o governo federal que chegaria aos tribunais.
“E a pior coisa possível que ele poderia fazer neste momento (é) agir de forma ditatorial e agir de uma forma partidária e polarizadora”, disse, referindo-se ao empenho do presidente para se reeleger em novembro. “Deixe a política fora disso.”
Cuomo disse que os fundadores do país já decidiram a questão.
“Ela diz que o governo federal não tem poder absoluto”, disse Cuomo. “Ela diz o exato oposto do que o presidente disse. Diz que isso seria um rei.”
OMS
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça que irá ordenar a suspensão do envio de verbas para a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ele acusa a organização de lidar de forma inadequada com a pandemia de coronavírus.
Há uma semana, Trump havia ameaçado cortar a verba durante uma entrevista coletiva, reclamando que a OMS poderia “ter avisado antes” sobre o perigo do coronavírus. Horas antes, ele havia postado uma mensagem se queixando que a organização dava muita atenção à China.
Nesta terça, Trump abriu sua coletiva diária anunciando o corte.
“Hoje estou instruindo minha administração a interromper o financiamento da OMS enquanto uma revisão é conduzida para avaliar seu papel (da OMS) na severa má administração e no encobrimento da disseminação do Coronavírus”, disse.
Ainda segundo Trump, a OMS tem problemas “do tipo que ninguém acreditaria” e a revisão deve levar de 60 a 90 dias.
Ele diz que, ainda em dezembro de 2019, havia “informações críveis” de que o vírus seria transmissível de uma pessoa para outra, mas que a OMS desprezou a gravidade da ameaça e não respondeu de maneira apropriada. “Tantas mortes foram causadas por seus erros”, afirmou.
“Por enquanto, redirecionaremos a saúde global e trabalharemos diretamente com outras pessoas. Toda a ajuda que enviarmos será discutida em cartas muito, muito poderosas e com grupos muito poderosos e influentes e grupos inteligentes”, acrescentou.
Ainda durante a coletiva, Trump falou sobre respiradores artificiais, e voltou a dizer que não faltarão aparelhos nos hospitais de todo o país.
A essa altura, ele aproveitou para provocar Andrew Cuomo, governador do Estado de Nova York — o mais atingido do país — dizendo que o pedido deste por mais respiradores era “ridículo”, e o ex-presidente Barack Obama, a quem culpou por um baixo estoque federal do equipamento — embora ocupe a presidência desde janeiro de 2017.