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O governador de São Paulo vai processar o senador Kajuru por 27 crimes de difamação e injúria

Governador referiu-se aos filhos do presidente Bolsonaro em reunião do PSDB em São Paulo. (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

O governador de São Paulo, João Doria, entrará com nova ação na Justiça contra o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO). Desta vez, ele acusará o parlamentar de 27 crimes contra a honra — 3 de calúnia, 6 de difamação e 18 de injúria.

Kajuru já afirmou que Doria deu emprego público a uma amante e o chamou de escória. O advogado Fernando José da Costa diz que o tucano só desistirá do processo caso o senador se retrate e doe o equivalente ao salário do governador, de R$ 22 mil, a uma entidade.

Doria já moveu uma primeira ação contra Kajuru. O senador, no entanto, manteve o tom das críticas.

Discurso de Bolsonaro

Nesta terça-feira (24), Doria (PSDB), criticou o discurso de Jair Bolsonaro (PSL) na Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta manhã. Para o tucano, a fala foi “inadequada e inoportuna”, tendo faltado “bom senso” ao presidente.

“[O discurso] não teve referências que pudessem trazer respeitabilidade e confiança no Brasil no plano ambiental, econômico ou político”, disse o governador após um evento em São Paulo. Disse também que já havia notado a “péssima repercussão” mundial da fala.

Para ele, faltaram “bom senso e humildade” a Bolsonaro, que criticou duramente os países que questionaram sua gestão da crise dos incêndios na região amazônica. Sem nomear, repreendeu o presidente francês, Emmanuel Macron, com quem teve divergências que desaguaram até em uma ofensa pessoal à primeira-dama da França.

A farpa de Doria faz parte de uma política estabelecida pelo governador para afastar-se de Bolsonaro. Ambos são presidenciáveis para a disputa de 2022, mas o tucano aproveitou-se da promoção do chamado voto BolsoDoria no segundo turno de 2018 para se eleger, por transitar em faixa semelhante do eleitorado de centro-direita.

Neste ano, contudo, ambos têm colecionado desavenças públicas, não perdendo oportunidade de atacar um ao outro. Usualmente, Doria se aproveita da incontinência verbal de Bolsonaro. Já o presidente usou dados do BNDES sobre compra de jatinhos para espicaçar o governador e, de quebra, outro presidenciável especulado, o apresentador global Luciano Huck.

Para os partidos de centro, isso fortalece Doria como um presidenciável viável para o próximo pleito, mas aliados temem que a exposição antecipada acabe se tornando um fardo — o tucano já sofreu críticas de ter usado sua eleição à prefeitura paulistana em 2016 como mero trampolim para outros voos.

O vice-presidente Hamilton Mourão, por sua vez, endossou o discurso de Bolsonaro. No exercício da Presidência durante a viagem do mandatário, Mourão disse que ele foi “incisivo, explícito e soberano”.

“O discurso do presidente Bolsonaro, na minha visão, foi um discurso extraordinário. Porque ele bateu em soberania, bateu na questão indígena, colocou a questão do meio ambiente, colocou o posicionamento do Brasil perante ditaduras que ocorrem no mundo inteiro. Falou que o Brasil está aberto a se relacionar com países de todo o mundo. Foi um discurso patriótico e altivo. Isso tem que ser capitalizado”, afirmou.

Ele disse que a única contribuição que deu ao discurso foi, junto com o ministro Augusto Heleno, do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), sugerir que escrevesse e falasse “de coração”.

General reformado, Mourão proferiu palestra na sede do Clube Militar, no centro do Rio de Janeiro, entidade que presidiu até o ano passado.

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