Diante de dados estatísticos que ainda não indicam reversão no atual quadro da pandemia de coronavírus nas regiões de Lajeado (Vale do Taquari) e Passo Fundo (Região Norte), o governador gaúcho Eduardo Leite adiantou que manterá ambos os municípios sob a chamada “bandeira vermelha” que indica o nível de risco no sistema de distanciamento controlado. Com isso, a medidas restritivas não serão flexibilizadas em áreas como o comércio.
“Chegamos à conclusão de que, mesmo com a disponibilização de novos leitos hospitalares, o número de internações subiu proporcionalmente à capacidade [de absorção da demanda pelo sistema de saúde], tanto em uma quanto em outra cidade”, ressaltou o chefe do Executivo durante videoconferência nesta quinta-feira (7). “Estamos mantendo, portanto, a atual classificação atual de risco).
Os prefeitos das duas regiões abrangidas pela bandeira vinham pressionando para que a decisão fosse informada o quanto antes, já que o modelo de distanciamento social (que deve entrar em vigor, oficialmente, nesta segunda-feira) prevê uma atualização semanal dos níveis de risco em cada área do mapa do Estado.
Situação
A situação das duas cidades “inspira cuidados”, como se costuma dizer no jargão médico. Passo Fundo acumula ao menos 231 diagnósticos positivos de Covid-19, contingente que a coloca na vice-liderança estadual nesse quesito, perdendo apenas para Porto Alegre, que até a noite desta quinta-feira somava 479 casos notificações. Em número de óbitos, porém, divide o topo do ranking, cada uma com 17 casos fatais.
Já Lajeado registrou até agora 175 infectados e oito perdas humanas, números que garantem com folga o terceiro lugar, em ambos os critérios, na lista divulgada diariamente pela SES (Secretaria Estadual da Saúde).
Entenda
Com vigência prevista a partir dos próximos dias, o modelo de distanciamento controlado adota critérios geográficos, econômicos e sanitários que permitam tomar decisões específicas para diferentes realidades no mapa gaúcho. Esse processo leva em conta todos os dados necessários para a construção de uma política de enfrentamento ao coronavírus baseada na segmentação regional e setorial.
Também entram na análise a capacidade de atendimento aos casos de Covid-19 pela rede hospitalar. A ideia é central é solucionar regionalmente um dos principais dilemas da atualidade, em todo o planeta: como autorizar que lojas reabram as portas, por exemplo, sem que haja riscos à vida humana?
“O que vamos estabelecer vai ocorrer a partir de indicadores objetivos em cada uma das 20 regiões definidas para atuarmos no local em que for necessário, no momento em que for necessário e na proporção que for necessária”, definiu Eduardo Leite na semana passada.
Serão mensurados 11 indicadores que foram agrupados em dois grandes grupos: Propagação (velocidade do avanço, estágio da evolução e incidência de novos casos sobre a população) e Capacidade de atendimento (capacidade e mudança na capacidade hospitalar).
O novo modelo de distanciamento prevê quatro estágios de controle, traduzidos em “bandeiras”: amarela, laranja, vermelha e preta – sendo que a amarela indica uma situação mais amena, com medidas mais flexíveis, e avançando o grau de restrições até a preta, quando seria necessário maior restrição.
Para definir a cor de cada região, serão levados em conta 11 indicadores que estão divididos em dois eixos: propagação da Covid-19 (como velocidade, evolução e incidência de novos casos) e capacidade de atendimento hospitalar.
Além da regionalização, a política prevê a divisão setorial. Educação, comércio, serviços, indústria, transportes, agricultura, entre outros, terão restrições proporcionais ao nível de segurança do contágio por coronavírus e ao respectivo impacto econômico.
De acordo com o índice de cada setor e dependendo da situação da região em que se encontra, serão determinados protocolos específicos de operação, como horários, restrições de pessoas e obrigatoriedade de máscaras, dentre outras regras.
(Marcello Campos)