O governo da Argentina aprovou a comercialização da variedade transgênica de trigo HB4 da empresa de biotecnologia Bioceres, embora tenha destacado que o produto só poderá ser negociado depois de autorizada a importação pelo Brasil, conforme publicação desta sexta-feira (9) no Diário Oficial do país.
Com a medida, o país sul-americano passa a ser o primeiro a autorizar o trigo geneticamente modificado.
A variedade do cereal HB4, desenvolvida pela Bioceres e pela francesa Florimond Desprez “confere tolerância à seca e tolerância ao herbicida glufosinato de amônio”, acrescentou a resolução.
Nenhum país ainda aprovou a importação de trigo transgênico, deixando o agricultor argentino com pouco incentivo para plantar a nova variedade.
Por sua vez, grupos ambientalistas alertam que as consequências das lavouras transgênicas e seu consumo em humanos ainda não são bem conhecidas.
A Argentina é o principal fornecedor de trigo ao Brasil. Em 2019, dos 11,3 milhões de toneladas de trigo exportadas pelo país 45% foram destinados ao mercado brasileiro. Por causa da forte estiagem que afeta a Argentina desde maio, em várias áreas produtoras, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu suas projeções para a safra 2020/21 de trigo de 21 milhões de toneladas para 17,5 milhões de toneladas. Segundo nota da Bioceres, a tecnologia HB4 é a única do mundo com tolerância à seca.
A decisão do governo argentino ocorre logo depois da aprovação da comercialização da tecnologia HB4 na soja, que também foi aprovada por Estados Unidos, Brasil e Paraguai, países líderes na produção da oleaginosa com cerca de 80% de participação da produção mundial. O processo de aprovação do trigo HB4 já foi iniciado nos EUA, Uruguai, Paraguai e Bolívia. A Bioceres informou que também apresentará a proposta na Austrália e Rússia e países da África e Ásia.
Economia argentina
A economia argentina deve contrair 11,8% em 2020, perspectiva ligeiramente mais otimista do que a estimativa anterior de queda de 12,1%, de acordo com uma pesquisa do banco central com economistas e analistas nesta sexta-feira.
A Pesquisa de Expectativas de Mercado do banco central prevê inflação de 36,9% em 2020. Os preços devem subir 3% em setembro, segundo a pesquisa.
“Durante o terceiro trimestre de 2020, o PIB crescerá 9,8% em relação ao segundo trimestre, o que sugere que o período de maior impacto da pandemia de coronavírus já passou”, mostrou a pesquisa.
Os economistas entrevistados disseram que a taxa média de câmbio nominal na Argentina atingirá 83,8 pesos por dólar em dezembro de 2020 e 121,5 pesos por dólar em dezembro de 2021.
A pesquisa contatou firmas de consultoria, centros de pesquisa, entidades financeiras e analistas de 28 a 30 de setembro. As informações são da agência de notícias Reuters e do site Globo Rural.