Em nome da segurança nacional, o governo dos Estados Unidos está avaliando a imposição de tarifas e cotas para limitar as importações de aço e alumínio, o que pode afetar as exportações brasileiras do setor. A lista de recomendações que serão enviadas ao presidente norte-americano Donald Trump mostra que uma das opções seria decretar um imposto de 53% sobre o aço proveniente de um grupo de 12 países.
Esse grupo dos exportadores tem o Brasil na liderança, seguido pela China, Costa Rica, Egito, Índia, Malásia, Coreia do Sul, Rússia, África do Sul, Tailândia, Turquia e Vietnã. Uma outra proposta requer tarifação de 24% sobre as importações de aço pelos Estados Unidos, mas aplicável a todos os países.
Relatório
As recomendações fazem parte de relatório interno elaborado pelo Departamento de Comércio, divulgado nos últimos dias. “Eu estou satisfeito em ter conseguido fornecer essas análises e recomendações ao presidente”, disse o secretário norte-americano de Comércio, Wilbur Ross.
A ideia, de acordo com o documento, é que a atual capacidade ociosa no país caia dos atuais 27% para cerca de 20% -uma taxa considerada mínima para que a indústria seja viável em um longo prazo. Em relação ao alumínio, a proposta é impor uma tarifa de 7,7% a todas as importações ou aplicar uma taxa de 23,6% aos produtos vindos de China, Hong Kong, Rússia, Venezuela e Vietnã.
O objetivo norte-americano é ampliar a produção de aço local e retomar os empregos do setor no país, que caíram 35% desde 1998. O estudo destaca que os Estados Unidos são o maior importador de aço do mundo e propõe três alternativas para solucionar a questão.
Trump tem até abril para decidir se vai restringir – e de que forma – as importações, com base na legislação comercial de 1962, que dá ao chefe da Casa Branca o poder de impor tarifas e cotas se ele considerar que algumas importações ameaçam a segurança nacional.
Visita
Uma comitiva de representantes do setor industrial brasileiro viajará no fim deste mês para Washington, capital dos Estados Unidos, a fim de tentar evitar a imposição da barreira comercial protecionista. O grupo pretende negociar com membros do Executivo e do Legislativos norte-americanos a exclusão do Brasil da lista de países sujeitos a restrições. “Queremos mostrar que o País não é parte do problema, pois 80% de nossas exportações são de produtos semiacabados”, ressalta o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.
O relatório interno ainda não representa uma decisão final. Caso a proposta do Departamento de Comércio dos Estados Unidos de impor barreiras às suas importações de aço e alumínio seja colocada em prática, poderá ser um duro golpe à indústria siderúrgica do Brasil. O mercado americano é o principal destino das vendas brasileiras de aço ao exterior – US$ 2,63 bilhões (cerca de R$ 8,47 bilhões) em 2017, segundo dados do governo.