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O governo federal prevê gastar 326 bilhões de reais com os servidores públicos no ano que vem

Estimativa foi apresentada na proposta de orçamento do ano que vem, enviada ao Congresso. (Foto: Reprodução)

O governo federal prevê gastar no ano que vem R$ 326,87 bilhões com os servidores públicos, segundo a proposta orçamentária enviada ao Congresso Nacional. A despesa é 8,2% superior à deste ano, que, segundo o governo, está prevista em R$ 302,1 bilhões.

O gasto de R$ 326,8 bilhões inclui as despesas com servidores ativos, inativos e pensionistas dos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública. As despesas com servidores estão atrás somente dos gastos com benefícios previdenciários.

Reajuste para os servidores

O governo informou na proposta orçamentária que o aumento em 2019 abrange o reajuste de servidores, previsto em R$ 4,7 bilhões. Uma MP (medida provisória) autorizando o adiamento chegou a ser publicada, mas o governo já havia previsto os valores no orçamento do ano que vem por “precaução”, segundo a equipe econômica.

A proposta não considera, porém, o reajuste dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que, se aprovado pelo Congresso Nacional, terá um impacto extra de cerca de R$ 1,4 bilhão. Considerados os Estados, o efeito total será de R$ 4 bilhões, segundo cálculos das Consultorias de Orçamento da Câmara e do Senado.

Reflexo no orçamento

As despesas com Previdência e servidores somarão cerca de R$ 1 trilhão no ano que vem, o equivalente a 67% de todo o orçamento público de 2019 (R$ 1,438 trilhão). Essas despesas são obrigatórias, ou seja, só podem ser alteradas com mudanças nas leis. O aumento das despesas obrigatórias influencia os demais gastos orçamentários. Isso porque existe a regra do teto de gastos, segundo a qual todas as despesas não podem crescer acima da inflação.

PIB

Os gastos do governo federal com servidores estão estimados em 4,4% do PIB (Produto Interno Bruto) de 2019. O percentual se mostra estável na comparação com este ano, em que as despesas representam 4,3% do PIB.

Salários

Por meio de estudo divulgado recentemente, intitulado “Por um ajuste justo com crescimento compartilhado: uma agenda de reformas para o Brasil”, o Bird (Banco Mundial) informou que, considerando experiência profissional e formação acadêmica similares, os salários são em média 96% mais altos no nível federal do que no setor privado, e 36% mais altos no nível estadual.

“Essa situação obviamente oculta variações consideráveis entre as diferentes carreiras. Alguns cargos no setor público, como, por exemplo, o de professor, pagam relativamente pouco, o que, consequentemente, pode dificultar a contratação de profissionais talentosos”, avaliou.

Acrescentou que, em outras carreiras, como no caso do Judiciário, a remuneração total, incluindo benefícios e gratificações, pode exceder consideravelmente o limite constitucional. “Os médicos do setor público ganham, em média, 4,5 vezes mais do que os 10% no topo da distribuição de renda, bem acima dos padrões comparáveis nos países da OCDE”, informou.

Em relatório divulgado no início deste ano sobre a economia brasileira, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) avaliou que os gastos com salários de servidores no Brasil (13,1% do PIB em 2015, considerando também Estados e municípios, além do governo federal) são altos na comparação internacional. Esse valor superou economias como a França, Canadá, Portugal, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, Chile, Alemanha e Itália.

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