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O homem que morreu no desabamento de prédio em São Paulo era querido pelos vizinhos e conhecido pela simpatia

Ricardo chegou a trabalhar como eletricista, entregador, lustrador e lavador de carro. Atualmente, carregava e descarregava os contêineres de comerciantes do Brás, na região central. (Foto: Reprodução)

Prestes a ser socorrido por bombeiros, um homem despenca junto com o prédio Wilton Paes de Almeida, imóvel que desabou após incêndio no Centro de São Paulo, na madrugada de terça. A cena, transmitida em rede nacional, impôs urgência a duas questões: quem era aquele homem e se ele tinha sobrevivido. Ao menos uma vítima a tragédia poderia ter gerado.

As respostas vieram na tarde de sexta-feira, com a localização do corpo e posterior identificação de Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, 39 anos. O corpo dele foi encontrado nos escombros do edifício na tarde de sexta. Horas depois, a Polícia Civil identificou o cadáver após exame nas digitais, que estavam intactas. Ele foi enterrado na tarde dess sábado, no Cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste da cidade.

Mas a confirmação do nome da primeira vítima da tragédia da madrugada de 1º de maio não revela a personalidade de Ricardo, conhecido pelo apelido de Tatuagem. “Ele estava lá embaixo, conversando comigo. Então ele subiu para tirar as quatro crianças, que ele desceu primeiro, no braço. Ele agarrou as quatro crianças, ele desceu primeiro e depois ele subiu lá em cima”, explicou o ajudante de caminhão Romero Elias da Silva Santos, amigo de Tatuagem.

No entorno da tragédia, ele era conhecido como uma pessoa simpática, de fácil relacionamento, que era amigo das crianças. No Largo do Paissandu, um primo dele, Paulo Felipe de Oliveira, ainda tinha esperança de que Tatuagem pudesse estar em outro lugar. Segundo Paulo, o primo costumava andar de patins. Tinha vários vídeos publicados numa rede social e costumava ir ao trabalho sob as rodinhas.

Empregos

Tatuagem chegou a trabalhar como eletricista, entregador, lustrador e lavador de carro. Atualmente, carregava e descarregava os contêineres de comerciantes do Brás, na região central. “Era muito gente boa, tinha ele como irmão”, disse Fernando Delfino e Silva, colega de trabalho dele.

“Eu vejo que ele é um cara insubstituível. Nesse momento, pela liderança dele, pela pessoa que ele era, o respeito que ele tinha. Ele tratava todos iguais, independente do cara ser do Sul, do Norte, Nordeste, branco, preto, ele tratava todos iguais”, contou o ajudante de caminhão Fábio Henrique Dias Ribeiro.

A camareira Fernanda Daniela dos Santos, de 40 anos, conheceu Tatuagem há um ano e lembra com carinho do amigo. “Ele é muito conhecido, você vai ouvir muita gente falar dele. Era marrudo (sic) por conta das tatuagens, mas um cara do bem, muito solícito”, disse. Ele tinha afinidade com seus filhos.

Fernanda contou que viu o amigo pela última vez na semana passada, quando visitou a ocupação, para onde planejava morar. Desistiu da mudança por conta da altura do imóvel e insegurança das janelas, um risco para os dois filhos pequenos. “Fiquei com muito medo da janela. Esse prédio era muito alto. Por isso que não vim.”

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