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O Hospital de Clínicas de Porto Alegre já se prepara para tratar casos graves de coronavírus com o plasma de pacientes recuperados

Procedimento não cura a doença mas pode atenuar sintomas e acelerar recuperação. (Foto: EBC)

Procedimento já realizado ao menos 14 vezes no hospital Virvi Ramos, em Caxias do Sul (Serra Gaúcha), o tratamento experimental de casos graves de coronavírus com o plasma sanguíneo de pacientes recuperados da doença também será feito pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A autorização foi dada pela instituição nesta semana e já conta com pelo menos 11 doadores voluntários.

O próximo passo é a identificação de quais internados receberão a transfusão do material, que tem por base a expectativa de que os anticorpos presentes nesse componente do sangue forneçam melhor resposta à doença.

Conforme o Ministério da Saúde, ainda não há comprovação de cura por meio desse procedimento. Estudos sobre a utilização do chamado “plasma convalescente”, porém, buscam a diminuição dos sintomas da infecção e da carga viral no organismo, resultando em uma menor utilização de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva):

“Os cuidados ofertados atualmente são de suporte e tratamento de sintomas, como febre, tosse e dores no corpo. A comunidade científica busca de forma acelerada alternativas terapêuticas, que vão de medicamentos a procedimentos, incluindo a transfusão de plasma convalescente, já testada em outras epidemias.”

Profissionais de diferentes setores da instituição estão direta ou indiretamente engajados à iniciativa, a exemplo dos Serviços de Infectologia, Medicina Intensiva, Hematologia Clínica e Transplante de Medula Óssea.

Exigências

Para ser um fornecedor de plasma nesse esse tipo de tratamento, é necessário atender a critérios preconizados na legislação sobre doação de sangue, além de estar há mais de 14 dias sem os sintomas da Covid-19. Também é necessário apresentar um segundo exame do tipo “PCR swab nasal” negativo. Interessados em participar devem entrar em contato por e-mail, informado no site www.hcpa.edu.br.

O primeiro doador contribuiu no dia 25 de junho. Trata-se do engenheiro, empresário e presidente do Instituto Cultural Floresta, Luiz Leonardo Abelin Fração, 38 anos. Ele permaneceu cerca de 1 hora e 30 minutos no serviço de coleta sanguínea do Clínicas, em um gesto que seria repetido por outras duas pessoas naquela mesma data.

“Eu fui uma das primeiras pessoas a ser infectada em março, logo no início da doença, e tive sintomas leves, mas tomei todos os cuidados para não passar o coronavírus para ninguém, tanto foi assim que ninguém de minha família ou funcionários que trabalham comigo foram contaminados”, declarou na ocasião ao site do Hospital.

“Pretendo ajudar outras pessoas agora, para que, tudo isto, passe logo e voltemos à vida normal”, acrescentou Fração. O Instituto Cultural Floresta, aliás, também doou os recursos financeiros para a realização da pesquisa.

(Marcello Campos)

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