A taxa de contágio acima de 1 indica que a doença segue avançando sem controle no Brasil. Essa é uma das principais referências para acompanhar a evolução epidêmica do Sars-CoV-2 no País. Quando fica abaixo de 1, o índice indica tendência de desaceleração. O Rt atual significa que cada 100 pessoas contaminadas transmitem a doença para outras 106.

A universidade britânica também projeta que o Brasil deve registrar 22 mil óbitos pela covid-19 nesta semana, um aumento em relação à anterior, quando foram contabilizadas 20.031 mortes pela doença. No pior quadro estimado pelo Imperial College, as perdas para o coronavírus podem chegar a 23.500.

Dentro da margem de erro calculada pelo Imperial College, o Rt brasileiro pode variar de 0,88 até 1,08.

Especialistas costumam ponderar que é preciso acompanhar a taxa de transmissão por um período prolongado de tempo para avaliar cenários, levando em conta o atraso nas notificações e o período de incubação do coronavírus, que chega a 14 dias. No Brasil, o Rt se mantém acima de 1 desde dezembro.

Por ser uma média nacional, o índice não significa que a doença está avançando ou retrocedendo da mesma forma em todas as cidades e Estados do País.

Pelo mundo

As maiores taxas de transmissão da covid-19 da semana registradas pelo Imperial College foram em Porto Rico (Rt 1,62), Irã (Rt 1,55) e na Índia (Rt 1,54).

Já os menores índices foram identificados na Suécia (Rt 0,43), Suíça (Rt 0,46) e Espanha (Rt 0,58).

Transmissão pelo ar

Seis cientistas de 5 universidades dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido – incluindo a Universidade de Oxford – listaram, em uma carta publicada na revista científica “The Lancet”, 10 motivos científicos que apontam que o Sars-CoV-2 é transmissível pelo ar. São eles:

1) Eventos ‘superespalhadores’ do vírus;

2) Transmissão fora do mesmo ambiente (caso na Nova Zelândia);

3) Transmissão por assintomáticos;

4) Transmissão é maior em ambientes internos;

5) Transmissão em hospitais;

6) Vírus viável já foi encontrado no ar;

7) Vírus em filtros de ar e dutos;

8) Estudos com animais em gaiolas;

9) Não há evidências consistentes do contrário;

10) Provas de outras formas dominantes de contágio são limitadas.

Reconhecer o contágio pelo ar é importante porque acrescenta outras medidas necessárias para prevenir o contágio.

Várias evidências apontam, entretanto, que o vírus pode ser transmitido pelo ar em inúmeras situações. Na semana passada, em uma carta publicada no “British Medical Journal”, pesquisadores defenderam que o combate da transmissão pelo ar deveria ser prioridade na pandemia.

A possibilidade de o coronavírus ser ou não disseminado pelo ar é uma das principais controvérsias da pandemia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera esse tipo de contágio possível apenas sob condições restritas, como durante procedimentos geradores de aerossóis. Um desses procedimentos é, por exemplo, a intubação.