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O Japão comprará mais de 100 caças e terá um porta-aviões pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial

Um caça do modelo F-35B, que tem capacidade para decolar em pistas curtas e pousar verticalmente, aterrissa em um porta-aviões. (Foto: Andy Wolfe/U.S. Navy)

O governo japonês aprovou nesta terça-feira (18) um plano de defesa quinquenal que inclui a compra de mais de 100 caças e a transformação de dois navios militares em porta-aviões, algo inédito desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Tóquio justifica a medida pela crescente presença militar da China na região. As informações são do jornal O Globo e de agências de notícias internacionais.

As medidas são as mais expansionistas na área militar japonesa desde a Segunda Guerra Mundial. Ocupado pelos Estados Unidos depois do conflito em que foi derrotado, o país tem uma Constituição pacifista, limitada à possibilidade de autodefesa, e o primeiro-ministro Shinzo Abe tem testado os limites dessa Carta.

O país deve comprar 105 caças F-35, fabricados nos EUA, ao custo estimado de US$ 10 bilhões, que aumentarão a frota do país para 147 F-35s. Destes, até 42 devem ser da versão F-35B, que permite decolagens em pistas curtas e pousos verticais.

Esses caças são compatíveis com dois navios contratorpedeiros Izumo, inicialmente previstos para acomodar helicópteros, que serão modificados para pousos e decolagens de aviões.

Um funcionário do Ministério da Defesa ressaltou que, apesar disso, estes não serão porta-aviões com todas as capacidades desse tipo de navio de guerra, porque as embarcações serão pequenas, não acomodarão aeronaves de reconhecimento e os caças não permanecerão estacionados nos navios.

“Nós não podemos converter o navio em uma embarcação dedicada apenas a operações de aviões de asas fixas”, disse um funcionário do governo ao Financial Times. “A conversão completa em um porta-aviões não pode acontecer e não irá acontecer.”

Ainda assim, as medidas devem ser polêmicas, porque teoricamente dariam ao Japão a capacidade para empreender ataques muito além de suas fronteiras. A equipe do primeiro-ministro afirma considerar necessário que o país tenha recursos militares mais significativos, levando em consideração a ameaça “muito preocupante” que representa a ampliação das atividades marítimas e aéreas da China e da Coreia do Norte.

De acordo com as orientações da política, “com um pano de fundo de força, a China está tentando mudanças unilaterais ao status quo, baseada em suas próprias afirmações que são inconsistentes com a ordem internacional existente”.

“Isto é uma causa para uma séria preocupação com a segurança nacional para a região e a sociedade internacional, e precisamos vigiar [a China] com um alto grau de atenção.”

Os pedidos, se confirmados, devem ajudar o país nas negociações comerciais com os Estados Unidos. Desde setembro, sob pressão de Donald Trump, o país aceitou entrar em negociações para um acordo comercial bilateral, o que contraria um posicionamento antigo do premiê Shinzo Abe, que tradicionalmente prefere uma abordagem multilateral.

Trump, por outro lado, manifestou insatisfação com o déficit comercial americano com o país asiático, pedindo o que definiu como um comércio mais “recíproco”.

O plano de defesa quinquenal, que também inclui medidas de segurança cibernética e vigilância espacial, conta até março de 2024 com um orçamento de 27,47 trilhões de ienes (US$ 240 bilhões).

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