O juiz federal Sergio Moro, da Operação Lava-Jato, afirmou que vai apurar a ação de autoridades durante as investigações sobre o sítio atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Atibaia (SP). A decisão foi tomada nessa quarta-feira, após o depoimento de Lietides Pereira Vieira, irmão do caseiro da propriedade, Élcio Pereira Vieira, mais conhecido como “Maradona”.
De acordo com Lietides, houve um dia em que a sua mulher, Lena, foi retirada de casa por volta das 6h e levada para prestar depoimento dentro da propriedade rural junto com o filho de 8 anos, que não podia ficar sozinho em casa. A ação teria sido protagonizada por procuradores da força-tarefa, acompanhados de policiais federais.
Ainda conforme o eletricista, que prestou serviços no sítio como eletricista, o menino passa por tratamento psicológico até hoje: “Ele passou a dormir comigo, atracado no meu pescoço, chegou a adoecer”.
Lietides detalhou que Lena permaneceu entre 50 minutos e uma hora no local, sendo ouvida pela força-tarefa, antes de ser levada novamente para a sua residência. A mulher trabalhou como faxineira para Fernando Bittar, que aparece como proprietário do sítio e que fazia os pagamentos de forma direta a ela.
O irmão do caseiro “Maradona” acrescentou que a faxineira foi perguntada para quem trabalhava se tinha visto Lula no sítio.
Como testemunha de defesa de Bittar, Lietides disse que fez diversos serviços para ele, em um total de aproximadamente R$ 6 mil. Durante as reformas na propriedade, porém, teria sido subcontratado pelo engenheiro Frederico Marcos de Almeida Horta Barbosa, ex-funcionário da empreiteira Odebrecht, encarregado de fazer parte das obras de ampliação da propriedade. O valor do serviço: R$ 18,5 mil, pagos em espécie.
Pedreiro
Já o pedreiro Edvaldo Vieira, outro irmão do caseiro “Maradona”, também contou ter sido visitado por procuradores do MPF (Ministério Público Federal) e entregou cópia de uma gravação da conversa com os procuradores. “Eu me sentiu intimidado”, reclamou.
Os relatos foram feitos a partir de perguntas feitas pela defesa de Fernando Bittar. Moro quis saber qual a relevância dos relatos e se havia alguma prova ilícita. Perguntou ainda se havia alguma ilegalidade na oitiva das testemunhas. “Vossa Excelência dirá no momento próprio”, afirmou o advogado de Bittar, Alberto Toron.
Élcio Vieira, o caseiro, afirmou que o sítio sempre foi comandado por Fernando Bittar e que apenas a partir de 2013 e 2014 a família Bittar deixou de ir muito ao sítio, ao mesmo tempo em que Lula e dona Marisa passaram a frequentar mais a propriedade.
Ao final do depoimento dele, o MPF quis saber se ele foi orientado por Fernando Bittar e pelos advogados dele nas respostas que deveria dar.
Ao explicar sobre os emails endereçados ao Instituto Lula, sobre fatos ocorridos com bichos que viviam no sítio, como pintinhos e gansos, Élcio disse que a ex-primeira dama Marisa Letícia, já falecida, gostava muito da horta e dos bichos e, por isso, pedia para ser informada se acontecesse algo com eles.