O julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) motivou 1,21 milhão de citações no Twitter ao longo da quarta-feira, dia da sessão em que a sua sentença referente ao caso do triplex do Guarujá (SP) foi ampliada pelos juízes da Corte localizada em Porto Alegre.
Com isso, o evento configurou-se no maior acontecimento político na rede social desde a abertura do processo de impeachment da então presidenta Dilma Rousseff, em 2016. A conclusão é de um levantamento comparativo realizado pela Dapp (Diretoria de Análise de Políticas Públicas) da FGV (Fundação Getúlio Vargas). Segundo a instituição, a abertura do processo que afastou a chefe do Executivo mobilizou 1,5 milhão de menções em um período de 24 horas.
No que se refere ao julgamento do TRF-4, o volume de menções ao fato totalizou quase o dobro do registrado nos sete dias anteriormente monitorados: de 11 a 17 de janeiro, foram 640 mil citações. A partir das 9h da quarta-feira, logo após o início da sessão no tribunal gaúcho, o volume de referências ao julgamento dobrou em relação às primeiras horas do dia e continuou em ascensão até atingir o pico entre 17h e 19h, com 243 mil “tuítes”.
A sessão do TRF-4 terminou um pouco antes das 18h, com a confirmação, por unanimidade, da condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e com o aumento da sentença de nove anos e seis meses (determinada em primeira instância pelo juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava-Jato) para 12 anos e um mês.
No ápice da discussão, a imprensa tradicional se projetou como fonte central de impacto, destacando a reação dos movimentos a favor e contra Lula. “O pico de menções entre as 17h e 19h (243 mil “tuítes”) obteve, portanto, cobertura temática fortemente noticiosa, para além do elevado volume de críticas à decisão do TRF-4 (por parte de grupos pró-Lula) e de comemorações (por parte de grupos anti-Lula).”
Exterior
No exterior, a quarta-feira teve254 mil menções no Twitter ao julgamento de Lula, com postagens identificadas em dezenas de países dos cinco continentes.
A principal “hashtag” utilizada durante o debate no Twitter sobre o julgamento foi #molusconacadeia, promovida pelo movimento Vem pra Rua e que teve mais de 206 mil menções. Em segundo lugar ficou #lulanacadeia, seguido por #cadêaprova, usada pelos apoiadores do ex-presidente, que contabilizaram 126 mil e 116 mil citações, respectivamente.
Por regiões, São Paulo (26%), Rio de Janeiro (16%) e Rio Grande do Sul (9%) reuniram, em termos absolutos, a maior parte das menções durante toda a quarta-feira, sem variação na comparação com o dia anterior. Quando considerada a proporção entre as publicação sobre o julgamento e as postagens totais de cada Estado, Rio Grande do Norte, onde a sessão no TRF-4 chegou a dominar 10% dos tuítes, Bahia (que chegou a 8%) e Ceará (7%) se destacaram.
Presidenciáveis
A DAPP/FGV destaca o crescimento de polítcos ligados à esquerda, como Ciro Gomes, Fernando Haddad, Guilherme Boulos e Manuela Dávila. “Essa tendência indica a intensificação do debate sobre que atores poderiam vir a capitalizar a eventual saída de Lula da corrida eleitoral.”
Segundo a pesquisa, a análise das redes evidencia que, por ora, o deputado federal Jair Bolsonaro é o principal beneficiário do julgamento, apresentando o maior aumento de engajamento entre os demais atores políticos. “A questão é se, com a eventual saída de Lula, essa tendência se mantém ou se, ao contrário, seu desempenho cairá.”
Os pesquisadores afirmam, que até o dia do julgamentos, os nomes mais citados entre os possíveis candidatos ao Planalto eram o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital paulista, João Doria, ambos do PSDB. “Alckmin destaca análises sobre a viabilidade dos candidatos de centro e Doria foi bastante citado ao longo da semana por causa da ida ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Há também que se analisar, segundo os pesquisadores, se ainda há espaço para nomes que correm por fora, como o apresentador Luciano Huck ou o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa.