Com a nomeação, por parte da então presidente Dilma Rousseff, de Maria Graças Foster ao comando da Petrobras, Lula teria perdido o controle sobre a estatal. É o que consta na representação apresentada pelo MPF (Ministério Público Federal) e pela PF (Polícia Federal) na 64ª fase da Lava-Jato, deflagrada na sexta-feira (23), com base na delação do ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda nos governos petistas, Antonio Palocci.
Graças Foster teria travado a contratação de sondas da empresa Sete Brasil para a exploração do pré-sal, que era de interesse político e financeiro de Lula. Segundo Palocci, a então presidente da estatal sabia que os contratos serviriam para desviar recursos a favor do PT e do governo federal.
O ex-ministro disse também que Graças Foster atuou para evitar que João Carlos de Medeiros Ferraz fosse reconduzido ao cargo da Sete Brasil. O executivo era considerado alinhado aos interesses de Lula. Esses fatos teriam causado um distanciamento entre Lula e Dilma. Segundo Marcelo Odebrecht, a ex-presidente acreditava também que as investigações da Lava-Jato não encontrariam ilícitos em suas campanhas eleitorais, ao passo que alcançariam apenas as do ex-presidente.
Declaração
A Justiça Federal do Paraná retirou o sigilo de parte da delação premiada de Antonio Palocci. Desde o início, a delação causou desconfiança pela falta de comprovações sobre o que era dito. O acordo acabou sendo fechado com a Polícia Federal em 2018.
A publicação dos autos vem no âmbito da Operação Pentiti. Segundo Palocci, Lula via na exploração do pré-sal uma oportunidade não só para o desenvolvimento do País, mas também uma nova forma de arrecadação de recursos para financiamento eleitoral. De acordo com o delator, em um primeiro momento, o objetivo era garantir a eleição de sua sucessora, Dilma Rousseff e, num segundo, financiar seus próprios anseios políticos. O ex-presidente também fazia a gestão política do projeto.
Palocci conta que se reuniu no Palácio da Alvorada com Lula, Dilma e o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Lula teria sido expresso ao solicitar que Gabrielli encomendasse a construção de 40 sondas para garantir o futuro político do País e do PT com a eleição de Dilma.
O ex-ministro diz que Lula, na mesma reunião, afirmou que caberia a ele gerenciar os recursos ilícitos que seriam gerados e o seu devido emprego na campanha. “Esta foi a primeira reunião realizada por Luiz Inácio Lula da Silva em que explicitamente tratou da arrecadação de valores a partir de grandes contratos da Petrobras”, segundo o delator.
