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O Ministério da Saúde confirmou a primeira morte por febre hemorrágica no Brasil nos últimos 20 anos

Documento recomenda a prescrição do medicamento desde os primeiros sinais da doença. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Um morador de Sorocaba (SP) morreu em decorrência de complicações causadas pela febre hemorrágica. A informação foi divulgada pelo Ministério da Saúde na segunda-feira (20). A pasta confirmou o caso de febre hemorrágica brasileira causada por contaminação do arenavírus. É a primeira vez em 20 anos que a doença é registrada no País.

A vítima é um homem de 52 anos. A Secretaria Municipal da Saúde não divulgou o nome dele.

De acordo com o Ministério da Saúde, o paciente começou a apresentar os sintomas no dia 30 de dezembro e foi atendido em três hospitais de Eldorado (SP), Pariquera-Açu (SP) e São Paulo até morrer por complicações da doença no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFM-USP), no dia 11 de janeiro. Ele não passou por atendimento em Sorocaba.

A princípio, foram realizados exames para identificação de doenças como febre amarela, hepatites virais, leptospirose, dengue e zika. No entanto, todos os resultados foram negativos.

Ainda segundo o ministério, o morador viajou para as cidades de Itapeva (SP) e Itaporanga (SP), locais prováveis de infecção. De acordo com a secretária de Saúde de Itapeva, ele esteve na cidade por dois dias no mês de dezembro visitando os filhos e não apresentou nenhum sintoma da doença. O paciente não tinha histórico de viagens internacionais.

Não está confirmada a origem da contaminação. Até o dia 3 de fevereiro, funcionários dos hospitais por onde ele passou serão monitorados e avaliados, assim como os familiares e pessoas que tiveram contato com o homem.

Casos no Brasil

Em coletiva de imprensa, o Ministério da Saúde informou que no Brasil há relato de quatro casos, sendo três adquiridos em ambiente silvestre no estado de São Paulo e um por infecção em ambiente laboratorial no Pará. Todos foram contabilizados na década de 90, o último em 1999.

Por enquanto, é classificado como um evento limitado do ponto de vista de emergência de saúde pública com contato bem restrito, principalmente, aos profissionais de saúde que tiveram exposição à secreção do paciente ou, eventualmente, ao material biológico.

Nesse momento, não existe nenhum alerta específico para a população no sentido de cuidados específicos porque os últimos quatro relatos, dois foram transmissão laboratorial, foi adquirido no ambiente laboratorial, dois no ambiente rural.

O principal alerta é que os profissionais de saúde que se expuseram eventualmente a essa secreção ou manipularam essa amostra biológica sejam observados pelo menos até o dia 3 de fevereiro.

Em nenhum momento, os profissionais monitorados estão isolados, porque atualmente não existe nenhum contato com o sintoma desse vírus.

O vírus é o mesmo da década de 1990, o vírus sabiá, que sofreu uma evolução ao longo desse tempo e ele é 90% similar ao vírus que foi identificado há 20 anos, não é uma nova espécie de vírus, é o mesmo vírus sabiá, com pequenas diferenças genéticas. Não há correlação com os casos da China, de coronavírus.

A doença

O período de incubação da doença é longo (em média de sete a 21 dias) e se inicia com febre, mal-estar, dores musculares, manchas vermelhas no corpo, dor de garganta, no estômago e atrás dos olhos, dor de cabeça, tonturas, sensibilidade à luz, constipação e sangramento de mucosas, como boca e nariz.

Com a evolução da doença pode haver comprometimento neurológico, como sonolência, confusão mental, alteração de comportamento e convulsão.

Segundo o Ministério da Saúde, as pessoas contraem a doença possivelmente por meio da inalação de partículas formadas a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados.

A transmissão de pessoa a pessoa pode ocorrer quando há contato muito próximo e prolongado ou em ambientes hospitalares, quando não são utilizados equipamentos de proteção, por meio de contato com sangue, urina, fezes, saliva, vômito, sêmen e outras secreções ou excreções.

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