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O Ministério Público Federal concluiu que o PT e o MDB eram “sócios” na divisão da propina das empreiteiras da usina de Belo Monte

Investigação apontou que cada partido recebeu 45% do total pago pelas construtoras da usina no Pará. (Foto: Reprodução)

O PT e o MDB atuavam como “sócios” na divisão da propina paga pelas empreiteiras responsáveis pelas obras da usina hidrelétrica de Belo Monte (PA). Conforme o procurador Athayde Ribeiro Costa, do MPF (Ministério Público Federal), os dois partidos dividiam o dinheiro pago pelas empresas na proporção de 45% para cada um. Os 10% restantes eram destinados ao ex-ministro Antônio Delfim Netto, que teria atuado na estruturação do consórcio Norte Energia, vencedor da licitação.

“Delfim Netto, em conjunto com Bumlai [o pecuarista José Carlos Bumlai, preso pela Operação Lava-Jato], ajudou o governo federal a estruturar o Consórcio Norte Energia, que foi formado por diversas empresas que a rigor não teriam capacidade para o empreendimento”, afirmou Costa durante entrevista coletiva nessa sexta-feira.

Na sequência, o Norte Energia acabou fazendo a subcontratação de outro consórcio, formado pelas gigantes Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Corrêa para tocar a obra. As empreiteiras menores, que formavam o contrato original, tiveram seus percentuais na obra reduzidos, mas continuaram a lucrar. Em troca, deveriam realizar pagamentos às duas legendas e ao ex-ministro.

O procurador afirmou que o “porta-voz” do governo federal no esquema foi o ex-ministro e na época deputado federal, Antônio Palocci. “Ele pediu para direcionar os pedidos de propina, parte ao PT para ao MDB. Em um segundo momento, Palocci pediu que 10% do valor de 1% do contrato fosse direcionado a Antonio Delfim Netto.”

As investigações do MPF e da PF apontam que cerca de R$ 15 milhões teriam sido repassados a Delfim diretamente e por meio de empresas de fachada ligadas a ele e ao sobrinho Luiz Appolonio Neto. A Justiça já bloqueou R$ 4,4 milhões nas contas do ex-ministro. “Eram valores mascarados em contratos fictícios de consultorias, que efetivamenten nunca foram prestados.”

O procurador revelou a estratégia das empreiteiras para pressionar o governo: “Elas interrompiam o pagamento de propina como forma de pressionar para que os aditivos fossem assinados”.

Delfim

Alvo de mandado de busca e apreensão em sua casa nessa sexta-feira, o economista e ex-ministro Antonio Delfim Netto negou as acusações de que teria recebido valores indevidos por empresas envolvidas na construção da usina de Belo Monte. “O professor Delfim Netto não ocupa cargo público desde 2006 e não cometeu nenhum ato ilícito em qualquer tempo”, afirmaram em nota os advogados Ricardo Tosto e Jorge Neme, responsáveis pela defesa do titular da Fazenda durante a ditadura militar (1964-1985). “Os valores que ele recebeu foram honorários por consultoria prestada.”

Delfim, que em maio completa 90 anos de idade, é um dos alvos da Operação Buona Fortuna, 49ª fase da Operação Lava-Jato. Segundo as investigações, ele teria recebido um percentual de propina mediante contratos fictícios de consultoria sobre a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte (PA).

A força-tarefa também mirou o empresário Luiz Appolonio Neto, sobrinho do ex-ministro. Em nota, o MPF (Ministério Público Federal) informou que Delfim é suspeito de receber parcela das vantagens indevidas que seriam direcionadas ao PT e ao MDB, no âmbito de sua atuação na estruturação do consórcio Norte Energia.

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