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O ministro da Economia cancelou suas férias em meio à troca de acusações entre Bolsonaro e Rodrigo Maia relativas ao pagamento do 13° salário para beneficiários do Bolsa Família

"Não vai faltar recurso pra saúde", declarou o ministro. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, interrompeu o período de férias que iria tirar a partir deste fim de semana até o dia 8 de janeiro, de acordo com publicação de sábado (19) feita em edição extra do Diário Oficial da União.

Procurado, o Ministério da Economia afirmou que não há motivo específico para a interrupção das férias e que ministro decidiu seguir trabalhando pois continuará em Brasília na semana que vem.

Na véspera, Guedes concedeu entrevista coletiva em que contrariou declaração do presidente Jair Bolsonaro a respeito do não pagamento do 13° salário a beneficiários do Bolsa Família este ano.

Após Bolsonaro ter acusado o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) de ter deixado caducar a MP que autorizaria o pagamento, Guedes reconheceu que foi a equipe econômica do próprio governo que pediu que a medida não fosse votada porque não haveria recursos para o pagamento. As férias de Guedes tinham sido publicadas originalmente no Diário Oficial da União na semana passada.

Na sexta-feira (18), Rodrigo Maia acusou Bolsonaro de mentir ao dizer que ele (Maia) era o responsável pelo fato de o governo não pagar neste ano o décimo terceiro salário para os beneficiários do Programa Bolsa Família.

O próprio ministro Paulo Guedes hoje confirmou que o presidente é mentiroso quando disse que de fato não há recursos para o décimo terceiro do Bolsa Família”, rebateu. “Ontem, fiquei muito irritado porque nunca imaginei que em um País como o Brasil um presidente da República pudesse, de forma mentirosa, tentar comprometer a imagem do presidente da Câmara ou de qualquer cidadão brasileiro.”

O presidente da Câmara afirmou que o Parlamento ainda pode trabalhar em janeiro para construir os caminhos para incluir de 8 a 12 milhões de brasileiros no Bolsa Família, sem ferir as regras orçamentárias. “Propus não termos recesso, nem a Câmara, nem o Senado nem o Judiciário para trabalhar em janeiro na construção de um programa social dentro da realidade do Orçamento primário do Brasil”, disse.

Maia citou que tem recebido muitos pedidos para colocar em votação a Medida Provisória 1000/20, que instituiu a prorrogação do auxílio emergencial, no valor de R$ 300, em quatro parcelas, de setembro a dezembro. Ele lembrou que o líder do governo, deputado Ricardo Barros, afirmou ontem que o governo não tinha interesse nessa votação, porque a MP já cumpriu seu objetivo.

Eu precisava fazer esse discurso para resguardar a imagem da Câmara e da minha presidência. Amanhã, a narrativa vai ser que nós acabamos com o auxílio emergencial porque não votamos a MP. Então, foi muito importante o governo entrar em obstrução contra a MP 1000, porque isso ficou registrado na imprensa e aqui na Casa”, disse.

Se hoje o presidente não consegue promover uma melhora do Bolsa Família ou uma expansão do Bolsa Família para esses milhões de brasileiros que ficarão sem nada a partir de 1° de janeiro, a responsabilidade é exclusiva dele. Tem um governo liberal na economia, mas não tem coragem de implementar essa política dentro do governo e do Parlamento”, afirmou.

Maia lembrou que fez várias sugestões em setembro para destinar recursos para a expansão do Bolsa Família. “Se o presidente tivesse tido coragem, poderíamos estar discutindo hoje o décimo terceiro e a expansão do auxílio emergencial. A visão da esquerda é diferente da nossa, mas mesmo no nosso campo fizemos muitas propostas. Queremos construir as condições para melhoria da transferência de renda para as atuais famílias e para as famílias que precisam de recursos na crise”, observou. As informações são da agência de notícias Reuters e da Agência Câmara de Notícias.

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