O ministro da Economia Paulo Guedes disse que pretende criar uma espécie de passaporte para a imunidade com testes em massa da população.
O governo já começou a receber kits de testes rápidos. Esses testes detectam se a pessoa já teve contato o vírus e desenvolveu anticorpos contra a doença. Autoridades de saúde consideram que 86% das pessoas infectadas nem vão saber que tiveram a doença. Os primeiros lotes serão usados para testar profissionais na área da saúde.
Mas no sábado (4), o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou em uma videoconferência com empresários do setor varejista que está negociando com a Inglaterra a compra de novos kits. Ele quer testar 40 milhões de brasileiros por mês. Segundo ele, com o teste, o governo poderá ter mais segurança sobre os dados do contágio, e no futuro, poderá planejar a volta gradativa da atividade econômica no País.
Guedes reforçou que isso só vai acontecer após a fase atual de isolamento social.
“Já mandei pro ministro Mandetta, já mandei pro chefe da Casa Civil, Braga Netto, já mandei pro presidente Bolsonaro a publicação. São 40 milhões de testes por mês. Ou seja, você tem um passaporte da imunidade. Veja bem. Isso não é agora. Agora nós estamos em isolamento. Nós já estamos planejando uma saída, como sair lá na frente, do período de isolamento. Primeiro estamos nessa primeira onda”.
O que o ministro chamou de ‘passaporte da imunidade’ é a confirmação pelo teste de que uma pessoa já teve a Covid-19, mesmo que não tenha apresentado nenhum sintoma. A ideia, segundo Guedes, é que numa próxima etapa, as pessoas imunizadas possam voltar à atividade normal, inclusive ao trabalho, deixando o isolamento social apenas para aquelas que não tiverem sido infectadas.
O Ministério da Saúde considera que a estratégia vai ser eficaz mais adiante.
“Nós somos totalmente favorável a isso. O inquérito que nós queremos fazer e a avaliação que nós vamos fazer com o teste rápido, para as pessoas, inicialmente os testes rápidos vão servir pra isso, vão ser feitos nas unidades de saúde. Por que nós queremos que o profissional de saúde, se ele tiver doente, se ele estiver com sintomas, ele vai ficar isolado, ele pode sair do isolamento um pouco mais cedo, se a gente tiver a confirmação de que ele está imunologicamente, com segurança imunológica para enfrentar, pra ele sair de casa e voltar pro trabalho. Segundo, vamos ter uma parte da nossa população, que já vai estar apresentando esses anticorpos e ela pode circular livremente pela sociedade. Ela pode ter contato com idoso, ela pode ter contato com a criança, ela pode ir na escola, ele pode ir pro trabalho, porque ela não vai mais ter a possibilidade de transmitir a doença, por que ela já teve e não existe pelo menos até o momento nenhuma comprovação, que alguém possa ter uma reinfecção”, fala o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis.
Mas enquanto as atividades precisam continuar paradas, Guedes disse que a área econômica quer manter os empregos, contratos e a estrutura da cadeia produtiva.
“Não vamos deixar haver uma desorganização da produção econômica. Vamos, estamos num período de hibernação, estamos isolados, atividades baixas, vamos para o teletrabalho, vamos para o e-commerce, mas de qualquer forma, temos que manter respirando e oxigenada a economia brasileira. É importante isso. Não podemos cair na atração fatal do calote, da falta de pagamentos, do ninguém paga ninguém, do vale tudo, porque isso acaba descontinuando a rede de produção nacional. Podemos renegociar um aluguel, podemos renegociar um salário, podemos renegociar tudo. Mas não podemos desorganizar a rede de pagamentos, é importante isso. Nós estamos em isolamento social, mas continuamos respirando do ponto de vista econômico”.