O ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi duramente criticado no Senado devido à decisão de bloquear os orçamentos da UFF (Universidade Federal Fluminense), da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e da UnB (Universidade de Brasília), acusando-as de promover “balbúrdia”.
O PSOL entrou com representação na Procuradoria-Geral da República solicitando que o ato do ministro seja investigado como possível caso de “improbidade administrativa”.
O senador Angelo Coronel (PSD-BA) classificou como “criminoso” o bloqueio do governo federal, avaliando o gesto como “ideológico, incompatível com a administração pública”. Para o senador, se há alguma distorção nas universidades, o ministério deveria mandar fiscalizar e não apenas cortar verbas, como uma espécie de punição.
Coronel, que se formou em Engenharia Civil pela UFBA, apresentou requerimento à Comissão de Educação, Cultura e Esporte para que Abraham Weintraub seja convocado a prestar esclarecimentos sobre o bloqueio. Os senadores baianos Otto Alencar (PSD-BA) e Jaques Wagner (PT-BA) também criticaram o ministro. Alencar, inclusive, ameaçou levar o PSD no Senado a obstruir todas as votações de interesse do governo.
Para Jaques Wagner, a decisão do ministério é “inaceitável”. Ele aponta que, na verdade, trata-se de uma retaliação à liberdade e à autonomia universitária garantidas pela Constituição. Os senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Humberto Costa (PT-PE) também criticaram a decisão do ministério.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que o governo Bolsonaro ataca a educação como alvo preferencial para manter o “bolsonarismo raivoso e atiçado”, estimulando que alunos gravem e intimidem professores. Com essas medidas, disse Randolfe, o governo Bolsonaro terá “os porões da história como destino de sua biografia covarde”.
Na visão do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), a medida do Ministério da Educação e sua justificativa “merecem uma análise mais cuidadosa”.
O ministro Abraham Weintraub confirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que as três instituições tiveram repasses reduzidos, adiantando que a Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, está sob avaliação. “Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia terão verbas reduzidas”, disse o ministro.
De acordo com Weintraub, universidades têm permitido que aconteçam em suas instalações eventos políticos, manifestações partidárias ou festas inadequadas ao ambiente universitário. “A universidade deve estar com sobra de dinheiro para fazer bagunça e evento ridículo”, disse. Ele deu exemplos do que considera bagunça: “Sem-terra dentro do campus, gente pelada dentro do campus”.
Weintraub não detalhou quais manifestações ocorreram nas universidades citadas, mas disse que esse não foi o único ponto observado. Essas instituições também estariam apresentando resultados aquém do que deveriam. “A lição de casa precisa estar feita: publicação científica, avaliações em dia, estar bem no ranking”, declarou. Ele, no entanto, não citou rankings.
