Empossado nessa segunda-feira, o novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, o deputado federal licenciado Ronaldo Fonseca (RJ) era contra a reforma da Previdência e já chegou a pedir publicamente a renúncia do presidente Michel Temer.
Ele também atuou na Câmara a favor do então deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), defendeu a prisão de um general do Exército e declarou voto para presidente no senador Álvaro Dias (Podemos-PR), que faz oposição ao atual chefe do Executivo.
Ao justificar a escolha do novo titular da pasta, Temer elogiou a “vocação para o diálogo e para a conciliação” de Fonseca. Disse, ainda, que o novo ministro angariou “respeito do Congresso Nacional e do povo” em sua atuação parlamentar. A cadeira estava vaga desde a ida de Moreira Franco para o ministério de Minas e Energia, em abril.
Em maio do ano passado, Fonseca utilizou a sua conta oficial no Twitter para criticar o governo federal após a a divulgação da delação dos executivos e donos da JBS/Friboi que implicou diretamente o presidente da República.
“O caminho mais curto para o enfrentamento da crise institucional na democracia é a eleição direta. Se Temer não renunciar, a economia vira pó”, postou na época. “Presidente Temer, neste momento o Brasil merece um ato de coragem de Vossa Excelência: a renúncia.”
O novo ministro manteve o pedido mesmo após divulgação do áudio da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, o qual não deixa claro se o presidente, de fato, deu aval para compra do silêncio de Cunha: “O áudio de Temer não confirma todo o divulgado, mas conspira contra a ética de um presidente da República”.
Apesar das críticas, Ronaldo Fonseca votou a favor de Michel Temer nas duas denúncias da PGR (Procuradoria-Geral da República) submetidas ao crivo da Câmara dos Deputados.
Reforma da Previdência
Também pelo Twitter, o novo ministro postou uma série de mensagens criticando a reforma nas regras previdenciárias: “Não podemos nem colocar o debate desse projeto sem antes cobrar as dívidas dos poderosos com a Previdência e acabar com os supersalários. É bem questionável essa informação de déficit no setor, em um país onde até os inativos pagam para continuar aposentados”.
Ainda pelas redes socais, Fonseca disparou críticas contra integrantes do Exército. “General na ativa que ameaça quebrar a ordem democrática não tem que ser criticado pelo comando do Exército, tem de ser preso”, tuitou no dia 18 de setembro de 2017.
Ele se referia às declarações do então general Antonio Mourão sugerindo que poderia haver intervenção militar no País se o Poder Judiciário não resolvesse o “problema político”. Mourão já passou para a reserva.
Filiação partidária
Até antes de assumir o ministério, Fonseca era filiado ao Podemos e tinha declarado voto no presidenciável do partido: “O senador Álvaro Dias é ficha-limpa com mais de 40 anos de mandato, não está [citado] na Operação Lava-Jato, não comunga com político corrupto e tem experiência na gestão pública, não é um aventureiro. É meu candidato a presidente do Brasil”, escreveu no Twitter no dia 10 deste mês.
O parlamentar de 59 anos, porém, acabou expulso da legenda após anunciar que assumiria a Secretaria-Geral da Presidência. Em entrevista pela imprensa, ele argumentou que “ingressa no governo por ter ótimo trânsito com os políticos, um aspecto importante para a coordenação do maior programa do governo federal, o Avançar”.
