O ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, tem uma lista de quase 90 candidatos, a maioria do PSDB, que ajudou em eleições passadas. O engenheiro, tido como operador do PSDB, pensou em fazer delação premiada quando ficou preso. Desistiu depois de ganhar a liberdade, no dia 11. A informação é jornalista Mônica Bergamo do jornal “Folha de S.Paulo”.
Trajetória
Paulo Preto foi diretor de engenharia da Dersa no governo do tucano José Serra (2007-2010). Ele foi denunciado em março e preso pela PF (Polícia Federal) no dia 6 de abril, sob acusação de ter desviado R$ 7,7 milhões da obra do Rodoanel. O seu padrinho no PSDB era Aloysio Nunes Ferreira, que chefiou a Casa Civil no governo de José Serra e hoje atua como ministro das Relações Exteriores.
Alegando razões de experiência em grandes obras, a gestão Kassab decidiu entregar para a Dersa duas delas: o Complexo Jacu-Pêssego, que custou R$ 1,47 bilhão, e a Nova Marginal Tietê (R$ 937,2 milhões). A prefeitura cuidou de outras quatro obras, como a ligação da avenida Roberto Marinho com a rodovia Imigrantes, interrompida pelo prefeito Fernando Haddad (PT), mas que consumiu R$ 350 milhões, principalmente em habitação social.
Delatores da Odebrecht dizem que Paulo Preto inicialmente fez acordos com as cinco maiores empreiteiras do país para dividir o pacote de obras. Esse grupo incluía Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS e Queiroz Galvão. São as chamadas “Cinco Irmãs”, por causa da suspeita de que sempre combinaram a divisão de obras pelo País.
Nessa fase inicial, cada empreiteira dizia a Paulo qual das obras do plano estratégico queria fazer. Em uma segunda fase, ingressaram no negócio outras 19 empreiteiras, que teriam feito conluio para fixar que preços ofereceriam e apresentariam propostas de cobertura. Esse tipo de proposta serve para dar a aparência de competição na licitação, mas na verdade os preços ofertados já haviam sido combinados pelo grupo.
Leniência
Tudo isso está relatado nos dois acordos que a Odebrecht assinou com a PGR (Procuradoria-Geral da República) e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômico), órgão encarregado da defesa concorrencial: o de leniência, voltado para a companhia, e os de delação, feito pelos executivos da empresa.
A estimativa do valor da propina é fundamental para estabelecer a multa que será aplicada na ação de improbidade que o Ministério Público prepara. Se for seguido o padrão da Odebrecht, as empresas terão de pagar uma multa que corresponde a duas vezes o valor da propina, ou cerca de R$ 350 milhões. O promotor Silvio Marques, que atua na investigação sobre essas obras, não quis informar que critérios adotará para estabelecer o valor que pedirá na ação judicial.
