O PMDB decidiu deixar exclusivamente para o governo – e para o PT – o desgaste da defesa do aumento de impostos como forma de salvar as contas públicas. Apesar de entenderem que não há saída para a crise econômica sem melhorar a arrecadação, os peemedebistas, no comando do Senado e da Câmara dos Deputados, querem que, primeiro, o Executivo reduza gastos para, em seguida, retomar as negociações sobre a elevação dos tributos.
Por ora, o partido insistirá na diminuição do custeio da máquina pública, como a redução de ministérios, cargos comissionados e até de programas que são vitrine da administração petista – medidas até agora apenas ensaiadas pela presidenta Dilma Rousseff.
Após promover um jantar na segunda-feira com a presença de governadores e lideranças da legenda, o vice-presidente, Michel Temer, concluiu que não há clima nem para a defesa de propostas como o reajuste da Cide (Contribuição Sobre o Domínio Econômico) sobre os combustíveis. A ideia conta com o respaldo dos governadores que têm dificuldade de fechar suas contas, mas é rejeitada pela cúpula do Congresso que não pretende assumir sozinha medidas impopulares. Nesse sentido, o plano é rejeitar, agora, a elevação de impostos, mas deixar, internamente, seguir o debate sobre as dificuldades de arrecadação dos governos.
O clima ficou ainda mais tenso no Congresso, após a agência S&P ter rebaixado a nota de crédito do Brasil e ter se referido a “divergências” na coalizão governista sobre o Orçamento para 2016, que foi enviado ao Congresso com previsão de um déficit de 30,5 bilhões de reais: “Essa mudança [no Orçamento] reflete divergências internas sobre a composição e a magnitude das medidas necessárias para corrigir a derrapagem nas finanças públicas”, escreveu a agência.
Para se preservar desse desgaste, os líderes do PMDB no Legislativo viraram as costas até mesmo para seus governadores e prefeitos. Um caso exemplar é o do governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), que é a favor do reajuste da Cide e da recriação da CPMF. “A União vai quebrar se não houver aumento de receita”, declarou no jantar, segundo relatos.
O presidente do Senado e seu pai, Renan Calheiros (PMDB-AL), porém, criticou publicamente essa estratégia. “Há uma preliminar que é o corte de despesa, a eficiência do gasto público e é isso que precisa, em primeiro lugar, ser colocado.”
(AE)
