O prédio onde fica o apartamento da presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Cármen Lúcia, em Belo Horizonte, foi atacado na tarde desta sexta-feira por manifestantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e do Levante Popular da Juventude. Os dois movimentos compartilharam registros do protesto em suas páginas no Facebook.
Não havia ninguém no apartamento no momento do protesto, já que Cármen está em Brasília, segundo sua assessoria de imprensa. A Polícia Militar de Minas Gerais informou que acompanhou o ato e que não houve nenhuma ocorrência.
O ataque ocorreu no mesmo dia determinado pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se entregue à PF (Polícia Federal). Na quinta-feira, o STF rejeitou um habeas corpus preventivo pedido pela defesa do petista. A presidente do STF foi a última a votar e desempatou o julgamento ao decidir contra o pedido para que o ex-presidente permanecesse em liberdade até serem esgotados todos os recursos no processo do triplex do Guarujá.
Foram avistados três ônibus nos arredores do prédio, localizado na região centro-sul da capital mineira, que surpreenderam os moradores da vizinhança. A ministra é professora da PUC-Minas e mantém o apartamento para quando precisa ir a Belo Horizonte.
Atos por diversos Estados
Ao menos 22 Estados brasileiros e no Distrito Federal registraram, nesta sexta-feira, em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja prisão foi decretada na quinta pelo juiz Sérgio Moro. No Rio, um grupo de manifestantes se concentraram na região central da cidade para uma caminhada. Em São Bernardo do Campo (SP), a militância petista se reúne nos arredores do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde o ex-presidente permanece desde a noite de quinta. Lula não cumpriu a ordem judicial de se entregar à Polícia Federal em Curitiba até as 17h desta sexta.
Além de Rio e São Paulo, foram registrados atos em Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, Tocantins, Maranhão, Góias. Na Paraíba, uma mulher de 35 anos foi baleada durante o protesto na BR-101 pela manhã.
O ato no Rio teve início por volta das 18h. Manifestantes se concentraram na Praça da Candelária e tinham o objetivo de seguir em direção à Cinelândia. O grupo carrega placas e bandeiras de partidos políticos e movimentos sociais, enquanto representantes discursam e gritam palavras de ordem. Adesivos com a frase “Lula Livre” são distribuídos entre os presentes. Devido ao movimento, a circulação do VLT entre a Candelária e o aeroporto Santos Dumont está suspensa. Um pequeno comboio do Exército passou pela Avenida Presidente Vargas e recebeu vaias dos manifestantes.
Em discurso contra a prisão de Lula, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) defendeu a união dos representantes da esquerda:
“É inaceitável a prisão de Lula por uma razão simples: é mais um capítulo do golpe. Eu respeito o judiciário, mas o papel que eles estão cumprindo hoje, é um papel ideológico que não cabe a eles. Esse é um momento significativo. A esquerda está unida em praça pública para dizer que não abre mão da democracia porque na ditadura quem pagou com suas vidas foram os companheiros e companheiras da esquerda. “
