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O presidenciável e senador Fernando Collor investe em uma aproximação com a Coreia do Norte

A senadora Vanessa Grazziotin e o senador Fernando Collor. (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O senador, ex-presidente e pré-candidato ao Planalto Fernando Collor (PTC-AL) está investindo em uma aproximação com a Coreia do Norte. No início do mês, em reunião da CRE (Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional) do Senado, foi instalado o grupo parlamentar de amizade Brasil-Coreia do Norte. Formado por senadores e deputados, o grupo brasileiro terá um grupo correspondente a ser formado pela Assembleia Popular Suprema da nação asiática.

Retrospectiva

O ano é 1989, no último debate presidencial entre os candidatos Fernando Collor (PRN) e Lula (PT). “Vamos dar um não definitivo à bagunça, à baderna, ao caos, à intolerância, à intransigência, ao totalitarismo, à bandeira vermelha”, diz Collor, que viria a ser eleito. “Vamos cantar o hino nacional, não a internacional comunista.”

Passaram-se 29 anos e o senador pelo Partido Trabalhista Cristão — nova roupagem da sigla pela qual foi presidente—, além de ser pré-candidato novamente ao Planalto, capitaneia no Congresso a aproximação entre o Brasil e o regime comunista da Coreia do Norte.

Missão oficial

Vestido com um terno Mao (assim nomeado por causa de Mao Tsé-tung) similar aos que ficaram popularizados como uniforme do líder supremo Kim Jong-un, o ex-presidente posou em 2018 ao lado do presidente do Parlamento norte-coreano, Kim Yong-nam, e do senador Pedro Chaves (PSC-MS).

Ambos os parlamentares visitaram a Coreia do Norte em missão oficial do Senado entre o final de abril e o início de maio, mesmo período em que ocorreu o histórico encontro entre o líder do norte e o presidente do sul, Moon Jae-in.

Em fevereiro, Collor, que é presidente da comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, havia participado de almoço em homenagem ao que teria sido o 76º aniversário de Kim Jong-il, pai do atual ditador, que morreu em 2011.

A parceria inusitada levou à instalação de um grupo parlamentar de amizade entre os dois países no Senado em 7 de junho de 2018. A criação foi requerida por Collor, que ocupa uma das vice-presidências do colegiado, ao lado de Chaves.

A dupla, de partidos de direita —o senador sul-mato-grossense é da sigla que, até o início do ano abrigava o pré-candidato Jair Bolsonaro— tem uma parceira improvável: Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), presidente do grupo.

O Brasil mantém relações diplomáticas com a Coreia do Norte desde 2001 e é o único entre os países das Américas a ter embaixadas em Seul e em Pyongyang.

Na instalação do grupo parlamentar, o ex-presidente cita seis pontos de aproximação, que incluem doação de livros brasileiros, a concessão de vistos a estudantes norte coreanos, e a aprovação de lei que estabelece cooperação entre os dois governos.

Segundo Chaves, isso poderia permitir que o Brasil tome a dianteira nas exportações para o país, que sofre sanções comerciais da ONU.

“O Collor teve uma atuação fundamental, eles respeitam muito ele lá”, diz Chaves. Para ele, o colega está “totalmente empenhado” na melhoria das relações entre os dois países. “Uma vez presidente, sempre presidente por lá. O Collor é muito respeitado por eles, abriu muitas portas para nós.”

O que é isso, companheiro?

Questionado sobre o estreitamento de relações com um regime comunista, Chaves contemporizou: “É um regime comunista, tudo pertence ao Estado, mas ele busca atender a população. De modo que eu vi que ela adora esse líder supremo”, afirmou. “Eu sou meio contra isso, mas eles realmente adoram o baixinho lá, o gordinho, ele é muito simpático.”

Ao instalar a comissão, o ex-presidente afirmou não ter “dúvida em relação aos bons propósitos” das lideranças do país sobre a declaração feita em conjunto ao vizinho do sul em que se comprometem com a desnuclearização da península.

Collor também criticou o presidente dos EUA, Donald Trump, que se encontrou recentemente com Kim, e outras potências que, segundo o senador, desrespeitam resoluções da ONU. De acordo com ele, não se pode descartar que Trump faça “alguma bobagem” em relação à questão nuclear que, diz, está sendo tratada com “sensibilidade e propósito” pelos coreanos.

“O Brasil não pode ficar distante desse momento histórico para o planeta”, disse.

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