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O presidente da Câmara dos Deputados articula turbinar seu partido, que esteve perto da extinção na era petista. Longe do poder, o DEM caiu de 105 para 21 deputados

Rodrigo Maia reforçou que a reforma é importante para restringir privilégios de alguns setores. (Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados)

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), articula a migração de deputados para turbinar seu partido, que esteve em vias de extinção na era petista. Ele negocia a filiação de dissidentes do PSB que se recusam a deixar a base do governo Temer. A meta é chegar a 50 deputados e tomar o lugar do PSDB como a terceira maior bancada da Câmara.

Na sexta-feira, Maia recebeu um grupo de pessebistas em sua residência oficial. Ele espera atrair pelo menos dez deputados dispostos a trocar a sigla de centro-esquerda pelo antigo PFL. O grupo é encabeçado pela líder do PSB na Câmara, Tereza Cristina (MS). Ela está em conflito com a cúpula do partido, que rompeu com o Planalto e passou a defender a saída de Michel Temer.

O deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), ex-pefelista, também está de malas prontas para voltar à sigla. “Os neossocialistas estão chegando”, brinca o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM). Maia reconhece que o DEM esteve próximo de desaparecer, mas diz que o partido está sendo recompensado pelos 13 anos de oposição ao PT. “Diziam que o DEM se aliaria a qualquer governo, mas nós mantivemos a coerência. Agora estamos colhendo os resultados disso”, afirma.

O DEM entrou em queda livre na era petista. Depois de eleger 105 deputados em 1998, a sigla passou a encolher a cada quatro anos. Chegou ao fundo do poço em 2014, quando conquistou apenas 21 cadeiras na Câmara. Hoje tem 29, graças a mudanças negociadas na última “janela da infidelidade”.

O declínio eleitoral se acentuou em 2010 após o escândalo do mensalão do DEM, que levou à prisão do então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. No ano seguinte, o atual ministro Gilberto Kassab aumentou a sangria ao criar o PSD junto com outro pefelista histórico, o ex-senador Jorge Bornhausen.

Os remanescentes do antigo PFL não esquecem a provocação do ex-presidente Lula na campanha de 2010, quando o petista disse que era preciso “extirpar o DEM da política brasileira”. Fomos um exército de loucos que resistiram até o fim”, diz o ministro da Educação, Mendonça Filho. O deputado Avelino reconhece que o DEM teve dificuldade de trocar o poder pela oposição e quase sucumbiu após quatro vitórias do PT em eleições presidenciais. “Ficou só a turma da resistência. O auge do petismo foi o pior momento do nosso partido. Agora Lula está condenado pela Justiça e o DEM voltou a crescer”, comemora.

Além de atrair os dissidentes governistas do PSB, a cúpula do DEM negocia a filiação de deputados de siglas menores, como PPS e PHS. Maia não quer avançar na bancada do PMDB para não criar novo atrito com Temer.  No entanto, seus aliados dizem que a possibilidade de o deputado assumir a Presidência aumentou o dote do DEM.

A ideia do presidente da Câmara é antecipar para dezembro a próxima janela de trocas partidárias, que está prevista para março de 2018. Assim, o partido poderia ganhar peso ainda neste ano.

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