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O presidente do Supremo diz que ataques à Corte são “incentivados por integrantes do Estado”

Toffoli indicou ainda que os ataques à Corte são financiados ilegalmente. (Foto: Arquivo/Rosinei Coutinho/SCO/STF)

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, divulgou nota na tarde deste domingo (14), afirmando que a Corte vivenciou mais um ataque na noite deste sábado, 13, após cerca de 30 manifestantes bolsonaristas autodenominados “300 do Brasil” dispararem fogos de artifício na direção do edifício principal do STF, na Praça dos Três Poderes, enquanto xingavam os ministros. “O Supremo jamais se sujeitará, como não se sujeitou em toda a sua história, a nenhum tipo de ameaça, seja velada, indireta ou direta e continuará cumprindo a sua missão”, afirmou.

Toffoli indicou ainda que os ataques à Corte são financiados ilegalmente e são estimulados por integrantes do próprio Estado, ‘apesar da tentativa de diálogo que o Supremo Tribunal Federal tenta estabelecer’.

“Guardião da Constituição, o Supremo Tribunal Federal repudia tais condutas e se socorrerá de todos os remédios, constitucional e legalmente postos, para sua defesa, de seus Ministros e da democracia brasileira”, afirmou ainda o presidente da Corte.

O ataque com fogos de artifício, filmado e divulgado nas redes sociais, foi o último da sequência de atos realizados ontem pelo grupo liderado pela militante Sara Winter, ex-assessora de confiança da ministra Damares Alves, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Após ter acampamentos ilegais desmantelados pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), cerca de uma dúzia de manifestantes invadiu a cúpula do Senado. O grupo deixou o prédio do Congresso pacificamente após intervenção da Polícia Legislativa.

Leia a íntegra da nota de Toffoli:

“Infelizmente, na noite de sábado, o Brasil vivenciou mais um ataque ao Supremo Tribunal Federal, que também simboliza um ataque a todas as instituições democraticamente constituídas.

Financiadas ilegalmente, essas atitudes têm sido reiteradas e estimuladas por uma minoria da população e por integrantes do próprio Estado, apesar da tentativa de diálogo que o Supremo Tribunal Federal tenta estabelecer com todos, Poderes, instituições e sociedade civil, em prol do progresso da nação brasileira.

O Supremo jamais se sujeitará, como não se sujeitou em toda a sua história, a nenhum tipo de ameaça, seja velada, indireta ou direta e continuará cumprindo a sua missão.

Guardião da Constituição, o Supremo Tribunal Federal repudia tais condutas e se socorrerá de todos os remédios, constitucional e legalmente postos, para sua defesa, de seus Ministros e da democracia brasileira”

Weintraub

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, se reuniu neste domingo com cerca de 15 manifestantes bolsonaristas que furaram o bloqueio na Esplanada dos Ministérios neste domingo e permanecem em um espaço em frente ao Ministério da Agricultura.

Em vídeo publicado no Facebook pela página “Movimento Avança Brasil”, Weintraub parece em um círculo de pessoas, a maioria sem o uso máscaras contra a propagação da covid-19. Instado pelos manifestantes, Weintraub evitou comentar sobre decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Eu sou ministro do Executivo, e não posso aumentar a pressão que já existe. Eu não tenho autorização do presidente (Bolsonaro) para me posicionar contra um ministro (do STF). É o que eu posso dizer. Vamos manter a tranquilidade, seguir as leis, seguir o que manda estritamente a Constituição. A Constituição tem que ser seguida ao pé da letra”, afirmou.

Nas gravações feitas pelos manifestantes bolsonaristas, Weintraub também aproveitou para se defender das acusações contra ele feitas em inquérito instaurado pelo próprio STF. “Eu não cometi uma única ação fora da lei até o momento. Se eu tivesse feito alguma coisa, um contrato errado, se eu tivesse qualquer coisa já teriam me pendurado de ‘ponta-cabeça’ naquela árvore. Não falta mídia me querendo me pegar, fora pessoas com muito poder em Brasília”, acrescentou.

O ministro também orientou os manifestantes a não cometerem atos ilegais durante os protestos a favor do governo.

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